quinta-feira, 26 de junho de 2008

Abundância de planetas na galáxia é boa notícia para a busca de vida ET

Pesquisas indicam que há muitos astros como a Terra em torno de estrelas próximas.Novas técnicas e missões não-tripuladas devem facilitar detecção desses corpos.

Para aqueles de nós que ainda sentem falta do fim da franquia “Star Trek” e da sua visão do cosmos como uma boate tremendamente multicultural e por vezes letal, o anúncio na semana passada de que muitas estrelas em nossa galáxia estão circundadas por planetas do tamanho da Terra foi, francamente, de outro mundo.

Busca por vida alienígena ficou um pouco mais palpável (Foto: Serge Bloch/NYT)
Os novos planetas detectados estão perto demais de seus pais estelares para ter chances de abrigar até mesmo vida microbiana. Apesar disso, a descoberta deu um impulso aos astrônomos e pesquisadores de vida alienígena. Para começar, os planetas são bastante compactos, o que é bom. Na década passada, astrônomos encontraram algo como 250 planetas extra-solares, mas a maioria era proibitivamente jupiteriana: sacos de gás celestial provavelmente sem superfície sólida e com centenas de vezes a massa da Terra. No novo relatório, Michael Mayor e seus colegas do Observatório de Genebra dizem ter encontrado 45 planetas que são apenas algumas vezes tão sólidos quanto nossa querida base azul, significando que eles, como a Terra, provavelmente são feitos de rocha. O cálculo é proporcionalmente impressionante: uma em três estrelas pesquisadas mostrou sinais de abrigar planetas sólidos, e outros pesquisadores realizando estudos parecidos dizem que o número pode estar mais perto de um para dois. E embora os 45 planetas na lista de Genebra sejam todos “adoradores de estrelas”, como foi colocado por um astrônomo, com períodos orbitais de 2 a 50 dias – até mesmo Mercúrio precisa de quase três meses para circunavegar o Sol –, pesquisadores estão confiantes de que outros planetas de rocha ainda serão descobertos a distâncias de seus sóis comparáveis com as da Terra.

Viés em favor dos maiores
Sara Seager, uma teórica planetária do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, diz que astrônomos caçam planetas detectando intrigantes vibrações induzidas por eles em suas estrelas hospedeiras, um método que detecta seletivamente os grandes demais ou perto demais. Apesar disso, diz ela, “o fato é que, assim que os astrônomos começaram a procurar por planetas de pouca massa, eles encontraram um monte, e isso representa um grande avanço”. Apenas imagine o que uma análise mais detalhada revelaria.

Para alguns teóricos, os novos resultados garantem virtualmente a existência de outros mundos parecidos com a Terra. “Imagine que você tem uma tribo, e os membros mais notáveis são os guerreiros, porque são aventureiros, vagueiam pelos arredores, e são os primeiros a serem vistos”, diz Douglas N. C. Lin, professor de astronomia e astrofísica da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz. “Mas você sabe que para cada guerreiro, há uma família inteira por trás.” Lin continuou: “Assim que extrapolar os guerreiros, você vê o tamanho que pode ter a população no fundo da floresta, então a presença dessas super-Terras a uma curta distância implica que há conjuntos de outros planetas mais ao longe". Planetas potencialmente agradáveis. “Eu imaginaria que uma fração significativa de estrelas como o Sol, talvez mais de 10%, tenha planetas habitáveis a seu redor,” diz Lin. Habitáveis ou abomináveis, não se pode escapar dos planetas. “Quando uma estrela é formada, ela provavelmente terá planetas”, diz Seth Shostak, cientista-sênior no Instituto SETI em Mountain View, Califórnia. “Eles são como aquelas facas dadas gratuitamente quando se compra uma churrasqueira.”

Colapso benévolo
Quando uma nuvem de poeira e gás sofre um colapso para criar uma nova estrela, girando cada vez mais rápido à medida que encolhe, forças concorrentes à da gravidade, pressão e rotação causam parte de seu achatamento em forma de disco – como a saia de uma patinadora voa em círculos quando ela coloca seu braço para trás para um giro. Os planetas, por sua vez, se condensam a partir da poeira, gás e gelo daquele disco central, em seqüências que os pesquisadores apenas começaram a modelar. Na visão de Lin, a evolução planetária é um tipo de evento darwinista, à medida que planetas embrionários competem para aumentar seus tamanhos buscando “comida” pesada no disco, enquanto lutam para não serem consumidos por um irmão ou puxados para dentro da estrela mãe. Se há planetas em abundância, cientistas suspeitam de que também haja vida em abundância, pelo menos do tipo microbiano. Afinal de contas, dizem eles, o surgimento da vida aqui foi relativamente rápido, talvez 800 milhões de anos após o nascimento da Terra — e, então, ficou unicelular pelos próximos 3 bilhões de anos. Ansiosos para identificar outras candidatas a Gaia, os astrônomos têm grandes esperanças na nave espacial Kepler, a ser lançada em fevereiro de 2009. A Kepler adotará uma abordagem diferente em sua análise planetária, diz Seager, buscando não apenas vibrações estelares mas também “pequenas quedas de brilho”, possíveis sinais de um planeta transitando através da face distante do Sol. Kepler irá rastrear 100 mil estrelas por quatro anos, o suficiente para detectar os cruzamentos ocasionais de quaisquer planetas com órbitas vagarosas como o nosso.

Era dos Descobrimentos
“Isso será parecido com a grande era da exploração do século 16”, diz Shostak. “Vamos saber que fração de estrelas tem planetas”, e o mais importante, “que fração é formada por planetas pequenos e terrestres.” Com esse abrangente atlas planetário em mãos, podemos escolher os lugares mais dignos de novas investigações: planetas que estão relativamente perto, e mais próximos do tipo que conhecemos melhor. Podemos procurar planetas rochosos que seguem caminhos estáveis, envoltos por nuvens ou vapor d’água que indiquem oceanos líquidos por baixo, e talvez oxigênio atmosférico, sinal da existência de uma biosfera. "O oxigênio é tão reagente que não deveria estar na atmosfera a menos que esteja sendo produzido por algo como a fotossíntese”, diz Seager. “É um enorme indicador de vida.” Podemos nunca visitar esses mundos pessoalmente, mas quem sabe poderemos conhecê-los melhor à distância. “Poderíamos enviar algo do tamanho de uma bola de golfe”, diz Shostak. “Poderíamos mandar algo com olhos robóticos, narizes, orelhas, dedos, todos os sentidos que tornam as coisas interessantes, evitando o risco de entrar num foguete, mas vivendo a aventura da mesma forma.” Que vivamos de maneira longa e próspera, com nossas cabeças nas estrelas, mas nossos pés mortais com segurança no solo.
Natalie Angier
Do 'New York Times'

Estudo diz que Universo é mais transparente do que cientistas pensavam

Madri, 26 jun (EFE).- O Universo é mais transparente do que estabeleciam até agora os modelos científicos, o que obrigaria a buscar novos enfoques para explicar a formação e a evolução das galáxias, depois que um grupo de cientistas detectou uma radiação a mais de cinco bilhões de anos luz.É o que diz um estudo baseado em observações do telescópio Magic, situado na ilha canária de La Palma, cuja conclusão principal é de que o Universo não é tão opaco como postulam os modelos atuais de luz extragaláctica de fundo.

Colisão na infância definiu futuro do planeta Marte


Concepção artística de Marte sofrendo o impacto gigante que moldou sua superfície (Foto: Divulgação)



Marte nunca foi um planeta de muita sorte mesmo. Mas um episódio em particular no princípio de sua história pode ter marcado para sempre o destino daquele mundo. Cientistas acabam de confirmar que o planeta vermelho foi vítima de um impacto gigantesco -- de deixar aquele que matou os dinossauros no chinelo -- há cerca de 4 bilhões de anos. A pancada deixou uma "cicatriz" imensa na superfície marciana, que só agora foi propriamente identificada pelos pesquisadores, de tão grande que era. É uma elipse de 10 mil quilômetros de largura, que só não foi identificada antes porque estava parcialmente camuflada pelo surgimento dos grandes vulcões marcianos por cima dela, numa etapa posterior da história do planeta. A configuração da superfície marciana, na verdade, sempre foi um mistério. Os cientistas passaram muito tempo intrigados com a grande diferença de topografia dos hemisférios Norte e Sul do planeta. Enquanto o Norte parece liso, com a crosta mais fina, o Sul era muito mais acidentado, e a crosta muito mais espessa. Mapeando essa diferença da forma mais acurada possível, o grupo de Jeffrey Andrews-Hanna, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), acaba de identificar a elipse-cicatriz e desfazer o mistério: o hemisfério Norte marciano foi vítima de um impacto gigante. A pancada, do que se sabe nessa região do Sistema Solar, é a segunda maior de que se tem notícia. Maior que essa, só mesmo a que envolveu a Terra, no comecinho de sua história, quando um objeto mais ou menos do tamanho de Marte colidiu com o planeta em formação, dando origem à Lua. Mas a megapancada marciana foi a única que deixou traços na superfície para que identificássemos corretamente. "Impactos maiores certamente ocorreram, mas eles não deixaram crateras para trás", disse ao G1 Andrews-Hanna. "O impacto que formou a Lua deve ter derretido a maior parte da porção externa da Terra, deixando para trás o que chamamos de 'oceano de magma' cobrindo a superfície." Andrews-Hanna indica que a elipse gigante de Marte -- batizada de bacia Borealis -- é a maior cicatriz de impacto já observada, quatro vezes maior que suas concorrentes principais (as bacias Hellas e Utopia, em Marte, e Aitken, na Lua). Os resultados do grupo de Andrews-Hanna foram publicados na edição desta semana do periódico científico "Nature". Também foram divulgados dois outros estudos, um vindo do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) e outro da Universidade da califórnia em Santa Cruz. O primeiro, comandado por Margarita Marinova, investigou em que condições um impacto desses pode ter produzido a cicatriz deixada em Marte. "Com base na simulações de Marinova e seus colegas, o objeto que atingiu o planeta devia ter um diâmetro de cerca de 2.000 km -- eles dão uma faixa que vai de 1.600 a 2.700 km", afirma Andrews-Hanna. O segundo, liderado por Francis Nimmo, modelou os resultados do impacto sobre a superfície de Marte, incluindo efeitos causados sobre o hemisfério que não foi atingido pela pancada cósmica. Para os cientistas, é muito importante identificar esse que é o primeiro episódio registrado da vida do planeta vermelho. "Na verdade, tudo que está preservado no registro geológico de Marte é mais novo que esse impacto", diz Andrews-Hanna. "Não temos meio de saber como era o planeta antes do impacto, mas é certo que um evento dessa magnitude teria afetado todos os aspectos da evolução subseqüente de Marte, incluindo clima e atmosfera. Esse foi provavelmente o evento definidor para produzir o planeta Marte que conhecemos hoje."
Globo on line

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