Do G1, em São Paulo
Evidência de água é mostrada em foto tirada por meio de microscópio de uma fina camada de rocha obtida na Lua, durante a missão Apollo 14 (Foto: Larry Taylor / University of Tennessee)Uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) encontrou grupos de hidroxilas estruturados em rocha trazida da Lua pela missão Apollo 14, conforme estudo presente na edição desta semana da revista Nature.
As evidências de água na Lua, divulgadas nesta quarta-feira (20), foram detectadas em uma pedra conhecida como apatita, composta por cálcio e fósforo, inserida no basalto colhido pelos astronautas norte-americanos em 1971.
"A Lua, tida geralmente como desprovida de materiais hídricos, tem água", afirma John Eiler, especialista em geologia do Caltech. "Há mais água na Lua do que as pessoas suspeitam, mas as ordens de grandeza do material na Lua são muito menores do que as encontradas na Terra."
A molécula H2O não foi encontrada, porém os pesquisadores detectaram um íon com hidrogênio conhecido como ânion OH-. "O hidróxido é um 'parente' próximo da água", explica George Rossman, professor de mineralogia e um dos autores do estudo. "Se você aquecer a apatita, os íons de hidroxila vão se decompor e virar água."
A ideia de procurar por indícios de água na rocha veio do professor Larry Taylor, da Universidade de Tennessee, que enviou o material com basalto e apatita para os pesquisadores do Caltech.
Uma primeira análise da apatita lunar foi feita em 1975, mas para o autor principal do estudo divulgado na Nature, o professor de geologia da Universidade da Califórnia Jeremy Boyce, os resultados foram diferentes por não considerarem o íon OH.
Mesmo com a descoberta, os especialistas no Caltech ainda não estão certos sobre a quantidade de água presente no satélite natural da Terra. O montante de evidências de água encontrado na apatita - 1600 partes em um milhão - é insuficiente para determinar quanto H20 a Lua pode conter em sua superfície.