Corpo na galáxia NGC 4526 tem massa 450 milhões de vezes a do Sol.
Cálculo é feito a partir de mudanças de posição em nuvens de gás.
Um grupo de cientistas europeus desenvolveu um novo método para
determinar com exatidão a massa dos buracos negros localizados no centro
das galáxias, segundo estudo publicado na edição desta semana da
revista britânica "Nature".
O modelo permitiu aos pesquisadores calcularem que o buraco negro
situado no núcleo da galáxia NGC 4526, a cerca de 55 milhões de anos luz
da Terra, tem uma massa 450 milhões de vezes maior que a do Sol.
Imagem obtida pelo telescópio Hubble mostra galáxia NGC 4526 e sua supernova 1994D
(Foto: Nasa/ESA)
Para determinar a massa desse buraco negro, o grupo liderado por
Timothy Davis, do Observatório Austral Europeu em Garching, na Alemanha,
estudou os efeitos desse corpo celeste nas nuvens de gás molecular que o
rodeiam.
Segundo os pesquisadores, é possível usar esse mesmo método para
precisar a massa dos buracos negros no centro de muitas das galáxias
próximas. Davis e sua equipe desenvolveram modelos que predizem o
movimento das nuvens de gás diante da presença ou da ausência de um
buraco negro. A partir da mudança de posição dos gases causada pelo
buraco negro, é possível calcular sua massa.
Os buracos negros são regiões do espaço com uma concentração de massa
tão elevada que seu campo gravitacional não permite que nada escape, nem
mesmo a luz, o que dificulta qualquer medição direta de suas
propriedades.
"O número de buracos negros que foram medidos com exatidão até agora é
pequeno, e os métodos para fazer isso são limitados", argumentaram os
cientistas. Eles explicaram que a estimativa exata da massa dos buracos
negros facilitará a compreensão sobre como algumas galáxias se formaram.
"As massas dos buracos negros no centro de galáxias guardam uma relação
direta com uma série de propriedades das galáxias, o que sugere que
ambos poderiam ter evoluído de forma conjunta", ressaltou o estudo.
Para fazer o cálculo, foi usada uma nova geração de interferômetros,
que medem com maior precisão a luz de galáxias distantes que chega à
Terra.
Graças a essa tecnologia, os pesquisadores – que usaram, entre outros, o
telescópio Alma, localizado no deserto chileno do Atacama – dizem que
as medições podem se repetir com um tempo de observação de cerca de 5
horas.
"O uso de gás molecular como referência deve permitir estimar a massa
de buracos negros em centenas de galáxias, muitos mais do que é possível
com as técnicas atuais", afirmaram os cientistas.