sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Nasa prevê "grande 2014" com lançamento de 5 missões para estudar a Terra

EFE | Washington 


A agência espacial americana tem pela frente um "grande ano" com o lançamento, pela primeira vez em mais de uma década, de cinco missões para o estudo da Terra, anunciou o diretor da Nasa, Charles Bolden.

A agência, que completou 55 anos de existência, pôs fim em 2011 a sua era das naves, que desempenharam um papel crucial na construção da Estação Espacial Internacional (ISS), e agora começou a compartilhar com empresas privadas os transportes ao posto orbital.
Agência espacial americana pretende lançar cinco missões para o estudo da Terra em 2014. EFE/Arquivo 
 
 
Agência espacial americana pretende lançar cinco missões para o estudo da Terra em 2014. EFE/Arquivo
 
 
 
"Enquanto a Nasa prepara-se para missões futuras a um asteroide e a Marte, agora nos focamos na Terra", disse Bolden em uma declaração distribuída pela agência.

"Este será o ano da Terra e este enfoque no planeta que é nossa pátria fará uma diferença significativa na vida dos povos no mundo todo", acrescentou.

A primeira missão em ciências da Terra da Nasa este ano é o Observatório de Medição da Precipitação Global (GPM), um trabalho conjunto com a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão, cujo lançamento está programado para 27 de fevereiro de uma estação japonesa.

A primeira das duas missões de ciências terrestres que a Nasa enviará este ano à ISS, denominada ISS-RapidScat, estenderá o registro de dados dos ventos oceânicos em torno de todo o planeta, um fator-chave na pesquisa do clima e na previsão meteorológica.

Esta missão partirá em junho, segundo a Nasa.

Em julho, será lançado o Observatório Orbital de Carbono, que fará medições precisas do óxido de carbono global, o gás que contribui ao efeito estufa e ao aquecimento da atmosfera.

Para novembro o calendário da Nasa tem previsto o lançamento da base Vandenberg, em um foguete Delta II, da missão de Umidade Ativa Passiva do Solo (SMAP).

A bomba recolherá dados da umidade do solo, com o que ajudará nas previsões da produtividade agropecuária, das condições meteorológicas e do clima.

Em setembro, a nave comercial de reabastecimento da ISS, da empresa SpaceX, levará à estação o instrumento denominado Sistema de Transporte da Nuvem de Aerossol (CATS), que usa três longitudes de onda de laser para estender as observações de satélite das partículas pequenas na atmosfera.

"Em nosso planeta, a Terra, a água é um requisito essencial para a vida e a maioria das atividades humanas", declarou Michael Freilich, diretor da Divisão de Ciência da Terra na Nasa.

"Devemos entender os detalhes de como a água se movimenta dentro e entre a atmosfera, nos oceanos e na terra se queremos prever as mudanças em nosso clima e a disponibilidade dos recursos de água", finalizou.

Astrônomos falam de descoberta de cometa 'Sonear' em Oliveira, MG

Amadores realizam trabalho de monitoramento do céu há um mês.
Descoberta foi reconhecida por órgão internacional.

Anna Lúcia Silva Do G1 Centro-Oeste de Minas



Após a descoberta de um cometa em Oliveira, o G1 foi até a cidade conhecer o observatório e saber como é a rotina de pesquisa dos astrônomos amadores que descobriram o astro celeste. Esta foi a primeira vez que brasileiros encontraram um cometa a partir de observações feitas no país e com equipamentos brasileiros. Ele foi visto no último dia 12 e a confirmação feita no dia 16 pela União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês).

João Ribeiro de Barros que mora em Oliveira, é um dos astrônomos que descobriu o cometa chamado de C/2014 A4 Sonear, junto outros dois mineiros de Belo Horizonte, Eduardo Pimentel e Cristóvão Jacques. 

O observatório com nome de Sonear, onde o cometa foi descoberto fica a dois quilômetros de Oliveira, em uma zona rural.

Astrônomos realizam descoberta de primeiro cometa brasileiro (Foto: Anna Lúcia Silva/ G1) 
Astrônomos realizaram descoberta de primeiro cometa brasileiro (Foto: Anna Lúcia Silva/ G1)
 
Sonear
O observatório Sonear funciona constantemente e é monitorado pelos três astrônomos.O objetivo, segundo João Ribeiro, é descobrir objetos próximos à Terra, como asteróides e cometas. A pesquisa começou há cerca de um mês e foi pela facilidade de ver o céu com pouca poluição luminosa, que os amadores escolheram a cidade de Oliveira para as pesquisas. “Queríamos um céu livre de poluição luminosa presente em grandes centros. Aliado a isso, eu havia comprado essa propriedade justamente para construir o observatório, em seguida convidei meus dois colegas e parceiros para, juntos, darmos continuidade ao projeto que é destinado a pesquisas científicas", contou.

 Astrônomos Cristóvão Jacques e João Ribeiro de Barros (Foto: Anna Lúcia Silva/ G1) 
 Astrônomos Cristóvão Jacques e João Ribeiro de Barros (Foto: Anna Lúcia Silva/ G1)
 
A equipe realiza uma espécie de patrulha no céu e é através de fotos tiradas em tempos variados que eles analisam os corpos celestes. "O telescópio fica programado todas as noites para fotografar o céu. Todos os dias é feita uma programação com agendamentos e a partir dessa agenda é delimitada as áreas do céu onde o telescópio vai captar as imagens", contou.

O equipamento é capaz de fotografar centenas de imagens, três vezes em cada área do céu. "Se há um objeto que se move de maneira diferente e, que foge do padrão do restante do céu, passamos a analisá-los. Esses objetos podem ser um a luzes provocadas por reflexos, ou até mesmo algo conhecido. Por isso a ação tem que ser rápida”, comentou.

O telescópio é capaz de proporcionar uma visão de 373 mil vezes mais que a visão humana. “O olho humano ideal em um local ideal e com ausência total de poluição luminosa e com uma visão excepcional consegue visualizar objetos em magnitude denominada seis. Esse telescópio, que é um olho grande acoplado a uma câmera CCD, consegue visualizar em magnitude 20”, relatou João.
 
Ficamos imensamente felizes em contribuir com uma descoberta tão importante para a ciência"
Astrônomo João Ribeiro
 
Surpresa
Os pesquisadores não esconderam o orgulho e a surpresa em terem encontrado o cometa. João Ribeiro disse ao G1, entre risos, que ainda não se acostumou com a ideia. "Trabalhamos como voluntários e não temos os mesmos equipamentos das grandes universidades e institutos de pesquisa. O avanço da tecnologia possibilitou diminuir a distância entre o astrônomo profissional e o amador, portanto consideramos isso um feito e ficamos imensamente felizes em contribuir com uma descoberta tão importante para a ciência", contou.

Descoberta
Jacques comentou também que levou tempo para chegaram à conclusão de que se tratava realmente de um cometa. "Minha dúvida foi em relação ao objeto. Ele tinha características de um asteróide, por isso me questionei e enviamos as imagens para o Minor Planet Center da IAU para que eles também pudessem checar", ressaltou.
Telescópio usado por amadores descobriu primeiro cometa brasileiro (Foto: Anna Lúcia Silva/ G1)Telescópio usado por amadores descobriu primeiro
cometa brasileiro (Foto: Anna Lúcia Silva/ G1)
 
O Minor Planet Center (Centro de Planetas Menores) da IAU recebeu as informações para que outros astrônomos do mundo  pudessem verificar a existência do objeto. “Eles jogam as informações na rede e visualizam o objeto e tentam confirmar a descoberta. Neste caso, Ernesto Guido, que é italiano, foi o primeiro a nos confirmar esse cometa usando um telescópio na Austrália, em seguida a descoberta também foi confirmada nos Estados Unidos (EUA). A partir da confirmação nos EUA,  tivemos certeza que se tratava de um cometa", contou.

O  telescópio usado na Austrália tem dois metros de diâmetro, enquanto o que descobriu o C/2014 A4 SONEAR tem 45 centímetros. O cometa tem aproximadamente 20 km de diâmetro e está a 900 milhões de km de distância da Terra. O astro é controlado remotamente, ou seja, de qualquer parte do mundo os astrônomos conseguem acessar os dados via internet.
 
Equipamento Brasileiro
O telescópio que possibilitou a descoberta foi construído no Brasil e com ajuda de um engenheiro e também astrônomo que é amigo dos três pesquisadores, Marcelo Moura. Este construiu o equipamento a partir do projeto feito por ele e por um dos astrônomos. "Foi um projeto ousado. Não existe nenhum telescópio semelhante em atividade no Brasil", relatou.

Além de todos os pontos positivos da descoberta, o Sonear é o único telescópio que faz patrulhamento do céu no hemisfério Sul. De acordo com Jacques, 10 outros observatórios, sendo quatro deles amadores, fazem varreduras no céu.

Os próximos passos segundo os astrônomos é continuar o monitoramento do C/2014 A4 Sonear para refinar os dados da órbita e a partir disso será possível saber onde o novo cometa vai estar e onde ele passará.

Ainda segundo Jacques, o novo cometa deve passar a 435 milhões de quilômetros da terra no dia 10 de outubro de 2015.
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Sistema de monitoramento do céu mostra que o Sonear é o único no hemisfério Sul a realizar patrulhamento (Foto: Cristóvão jacques/Reprodução ) 
Sistema de monitoramento do céu mostra que o Sonear é o único no hemisfério Sul a realizar patrulhamento (Foto: Cristóvão Jacques/Reprodução )
 

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