Tim de Zeeuw (Foto: Dennis Barbosa/G1)
O diretor do Observatório Europeu do Sul, o holandês Tim de Zeeuw, disse em entrevista ao G1
que espera que o Brasil aprove definitivamente sua entrada neste grupo
internacional de astronomia em cerca de 6 meses. Em 2010, o então
ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, assinou o
contrato de adesão, mas o processo ainda precisa ser aprovado pelo
Congresso Nacional.
De Zeeuw disse ter informação de que o assunto está no Congresso, e
espera que em meio ano tenha sido aprovado, para que empresas
brasileiras tenham o direito de executar obras do novo telescópio E-ELT
(sigla em inglês para Telescópio Europeu Extremamente Grande), um
equipamento de grande porte a ser instalado no norte do Chile.
Projeto
do E-ELT, de cuja construção empresas poderão participar se o ingresso
do Brasil no ESO for ratificado pelo Congresso (Foto: ESO/Divulgação)
“Se o Brasil demorar mais 10 anos... em algum ponto, o que vamos
fazer?”, disse de Zeeuw, quando questionado sobre se há o risco de o
Brasil ficar de fora do grupo de pesquisa.
“Serão abertas licitações que vão correr entre 6 e 10 meses. Até seu
término, seria útil que o Brasil tivesse ratificado, pois assim não
haverá questionamento, caso alguma empresa brasileira ganhe um
contrato”, explicou. “Realmente gostaria de vê-lo ratificado em cerca
de 6 meses. Daí estaria bem. De outro modo, começa a complicar. E vocês
começam a perder oportunidades para sua indústria. É algo que não ajuda
ninguém”, acrescentou o diretor do ESO.
O ESO tem diferentes instalações para observações astronômicas. Na última semana, foi inaugurado o Alma, um conjunto de 66 antenas capazes de captar radiação de objetos frios no espaço.
O próximo grande projeto é o E-ELT. Os países-membros têm o direito de
inscrever projetos de pesquisa para uso dos equipamentos, mas estes têm
de ser aprovados por uma comissão. Deste modo, cada integrante corre o
risco de ter menos tempo de uso dos telescópios do que proporcionalmente
vale sua contribuição financeira.
De Zeeuw destaca que os astrônomos brasileiros já têm abertura para
inscrições e tiveram índice de sucesso similar ao de outros países. “O
ESO está fazendo astronomia, construindo grandes telescópios para fazer
grandes questionamentos sobre o universo, que interessam a sociedade. E
há uma parceria que é realmente muito boa. (...) É melhor competir, como
no futebol e nos jogos olímpicos. Voce treina, você compete, e você faz
melhor”, defendeu.
E, apesar de não estar na ponta da tecnologia de observação
astronômica, o país tem oportunidades de negócios na contrução de novos
observatórios, segundo o diretor. Ele explica que a gama licitações é
muito variada, incluindo “serviços muito básicos, como preparar o topo
da montanha para o E-ELT”. “As companhias brasileiras podem mover terra
tão bem quanto as empresas chilenas ou europeias. Também vamos ter
contratos para a cúpula do E-ELT. É uma estrutura de aço que o Brasil
pode construir. Vocês têm indústrias que podem fazer isso”, afirma.
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