Satélite Swarm acoplado a 1º estágio de foguete no
Cosmódromo de Plesetsk, na Rússia (Foto: ESA)
Cosmódromo de Plesetsk, na Rússia (Foto: ESA)
A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) deve lançar nesta
sexta-feira (22) um trio de satélites de alta tecnologia para explorar o
polo magnético da Terra.
Se tudo ocorrer bem, a missão Swarm, de US$ 276 milhões (R$ 624,8
milhões), explicará alguns dos fenômenos incomuns que estão acontecendo
com o magnetismo terrestre.
O magnetismo do planeta tem aplicações incontáveis, que vão desde dispositivos elétricos até a navegação.
"O campo magnético da Terra é uma coisa muito importante. Ele torna a
vida possível, ao oferecer abrigo contra a radiação do espaço", explica
Albert Zaglauer, gerente de projeto da Astrium, fabricante dos
satélites.
"O polo magnético está mudando e o campo magnético, também. Por quê?",
pergunta Zaglauer. Encontrar a resposta é um dos objetivos dessa missão.
Como funciona o magnetismo
O magnetismo terrestre origina-se a partir do ferro e do níquel líquidos superaquecidos, que giram no núcleo externo do planeta, cerca de 3 mil km abaixo da superfície. Como um dínamo giratório, esse oceano de metal subterrâneo gera correntes elétricas e, consequentemente, um campo magnético.
O magnetismo terrestre origina-se a partir do ferro e do níquel líquidos superaquecidos, que giram no núcleo externo do planeta, cerca de 3 mil km abaixo da superfície. Como um dínamo giratório, esse oceano de metal subterrâneo gera correntes elétricas e, consequentemente, um campo magnético.
Mas, ao contrário do que muitos podem pensar, esse campo não é
constante nem imutável. Desde que foi localizado com precisão pela
primeira vez por James Ross, no Grande Norte canadense, em 1831, o polo
norte magnético não parou de se mover, e seus deslocamentos às vezes
brutais intrigam os cientistas.
Ao longo do século 19 até 1980, o polo magnético se movia de forma
bastante lenta (menos de 10 km por ano) rumo à Sibéria, mas sua
velocidade logo se acelerou, beirando os 60 km/ano na década de 1990,
antes de voltar a se estabilizar. No total, entre 1831 e 2007, o polo
magnético norte percorreu cerca de 2 mil km na direção nordeste.
Além disso, o campo magnético terrestre se inverteu em várias
oportunidades ao longo da História, de forma muito irregular, mas em
média a cada 200 mil anos. Atualmente, ele diminui de forma bastante
rápida (perdeu cerca de 6% em intensidade em um século), mas continua
sendo superior ao que se observa antes de uma possível inversão de
polos, processo que leva milhões de anos.
Ao contrário dos polos geográficos, os polos magnéticos norte e sul –
isto é, os pontos na superfície terrestre onde o campo magnético é
exatamente vertical – não estão situados em pontos opostos do globo.
O polo magnético norte se encontra atualmente a mais de 85 graus de
latitude (em relação ao norte geográfico), enquanto o polo magnético sul
está situado a apenas 65 graus de latitude sul, na região antártica.
Como os polos geográficos são fixos, é necessário corrigir a direção
indicada por uma bússola. Para se orientar de forma precisa com esse
instrumento – que nunca sofre defeitos, ao contrário de um GPS ou
instrumento de rádio –, é preciso dispor de um mapa muito recente. Os
dados coletados pelos satélites Swarm servirão para atualizar esses
mapas, usados sobretudo na navegação aérea.
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