Satélite europeu foi lançado nesta quinta-feira a bordo do foguete Soyuz.
Gaia terá como missão fazer um atlas tridimensional da Via Láctea.
Imagem é uma impressão artística do telescópio europeu Gaia. (Foto: AFP Photo/ESA/D. Ducros)
O satélite Gaia, um dos telescópios mais complexos da história da
Europa, decolou nesta quinta-feira (19) com êxito do Centro Espacial
Europeu de Kuru, na Guiana Francesa, a bordo de um foguete russo Soyuz. O lançamento foi feito às 7h12 de Brasília.
O "cartógrafo da galáxia" terá como missão fazer um atlas
tridimensional da Via Láctea. A missão vai durar no total cinco anos,
talvez seis, durante os quais o telescópio-satélite localizará um bilhão
de estrelas, cada uma das quais será observada setenta vezes. Em mais
de 99% delas, nunca se estabeleceu com precisão sua distância em relação
à Terra.
"Em menos de dois anos teremos um catálogo de todo o céu", antecipou
François Mignard, encarregado da participação francesa no projeto Gaia.
Trata-se do sexto foguete Soyuz lançado da Guiana Francesa, o segundo em
2013.
O telescópio-satélite Gaia, construído em Toulouse, no sul da França,
pela empresa Astrium por encomenda da Agência Espacial Europeia (ESA),
deve se separar do estágio superior do foguete lançador após 41 minutos e
59 segundos de voo.
Gaia se posicionará a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, em um local
privilegiado - o ponto de Lagrange 2 -, que tem como uma de suas
vantagens possuir um entorno térmico estável, e descreverá uma órbita
elíptica para evitar os eclipses do sol pela Terra.
O telescópio permitirá fazer um mapeamento tridimensional da Via
Láctea, um atlas do céu, e também reconstruir a história da formação e
evolução da nossa galáxia. Isto possibilitará aos astrofísicos fazer
"arqueologia galáctica", segundo Mignard.
Gaia nos permitirá "compreender melhor qual é o nosso lugar no
universo", resumiu Catherine Turon, membro do Observatório de Paris.
Posição das estrelas
O fundamental da missão Gaia consiste em determinar a posição e o movimento das estrelas, mas também sua distância, o parâmetro mais difícil de se obter, uma vez que a mais próxima se encontra a quase 40 bilhões de quilômetros.
O fundamental da missão Gaia consiste em determinar a posição e o movimento das estrelas, mas também sua distância, o parâmetro mais difícil de se obter, uma vez que a mais próxima se encontra a quase 40 bilhões de quilômetros.
Gaia dará continuidade à tradição europeia do mapeamento estelar,
herança do astrônomo grego Hiparco, o primeiro que, a olho nu, mediu a
posição de mil estrelas.
Em 1989, mais de 2 mil anos depois de Hiparco, a ESA lançou um satélite
com seu nome, dedicado à astrometria, que deu as coordenadas celestes
de cerca de 120 mil estrelas.
Gaia e seus dois telescópios são feitos de carbeto de silício (também
denominado carborundum), cada um com três lentes retangulares curvas,
cem vezes mais precisas do que as do satélite Hiparco. O dispositivo
será capaz de distinguir estrelas com brilho 400 mil vezes mais fraco do
que o olho humano pode perceber.
"É o telescópio espacial mais moderno já fabricado na Europa", informou
a Astrium. Gaia também usará "um sensor fotográfico com precisão nunca
equiparada", prosseguiu.
Para preservar a exatidão de suas medidas, o satélite será controlado
da Terra por uma rede de telescópios, de tal forma que sua posição será
determinada com um erro máximo de cem metros.
"O cartógrafo da galáxia" também terá como tarefa fazer o levantamento
dos asteroides do Sistema Solar e, inclusive, descobrir novos
exoplanetas.
Com Gaia, os astrônomos entrarão "no mundo do 'Big Data'", afirmou
Véronique Valette, chefe do projeto Gaia na agência espacial francesa
(CNES). A missão fornecerá mais de um petabyte (um quadrilhão de bytes)
de dados para analisar, ou seja, a capacidade de 250 mil DVDs.
"O tratamento cotidiano (dos dados) será o desafio mais importante", acrescentou Mignard.
Seis centros, entre eles o do tratamento de dados do Centro Espacial de
Toulouse, receberão este fluxo permanente e enorme de informação,
inutilizável em seu estado bruto e que depois deverão interpretar para
torná-la inteligível.
Para enfrentar este desafio, o CNES, que fará entre 35% e 40% do
tratamento de dados da missão, equipou-se com computadores de uma
potência de cálculo de até 6 trilhões de operações por segundo.
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