Esta semana saiu mais uma pesquisa a respeito de estrelas massudas. Mais uma que tenta quebrar o recorde de estrela com mais massa da galáxia. Desta vez trata-se de uma estrela localizada no centro da Via Láctea, por enquanto chamada de “estrela da nebulosa Peônia”, que teria o brilho equivalente a 3,2 milhões de sóis.
A atual recordista de brilho, Eta Carina, tem por volta de 4,7 milhões de vezes o brilho do nosso Sol. Brilho e massa de uma estrela são interligados, de modo que quanto mais massa, mais brilhante é uma estrela e vice-versa. Com base nas estimativas de brilho, esta estrela deve ter algo em torno de 150-200 massas solares. No caso específico de Eta Carina, sabe-se todavia, que ela é um sistema duplo. Esta medalhista de prata está a 26.000 anos luz, mergulhada em uma região obscurecida pela poeira, em parte produzida por ela mesma. Por isso, apesar de ser tão brilhante, não conseguimos enxergá-la sem um bom telescópio.
Aliás, para observar debaixo de nuvens de poeira tão grossas, só mesmo instrumentos quedetectem radiação infravermelha, como o telescópio espacial Spitzer. Por isso mesmo, a líder desta pesquisa Lidia Oskinova, acredita que outras estrelas tão brilhantes quanto esta possam existir nesta nebulosa.Uma estrela como essa tem números assustadores. Além da massa imensa, ela deve ter um diâmetro 100 vezes maior que o do Sol. Comparativamente, a estrela da Peônia se estenderia para além da órbita de Mercúrio, caso estivesse na posição do nosso Sol. Ela deve produzir ventos com velocidade da ordem de 1,6 milhões de quilômetros por hora! Cometendo tantos excessos assim, ela não deve viver mais do que poucos milhões de anos.
Bom, estes números são todos baseados em modelos. Por exemplo, a massa foi obtida a partir da teoria que interrelaciona a luminosidade e a quantidade de massa de uma estrela. Isso supondo que seja apenas uma estrela. Com isso, esses números não são tão garantidos, quanto aqueles apresentados aí abaixo para a estrela recordista em massa WR20a. Neste caso, a massa da estrela foi obtida através de métodos dinâmicos, muito mais robustos. Por enquanto, a estrela da Peônia (um tipo de flor, pelo que apurei) detém o segundo lugar, mas o “photochart” pode rebaixá-la deste posto quando tivermos mais detalhes dela.
E o que o coelhinho da Páscoa tem a ver com tudo isso? É que ao mesmo tempo em que era anunciada esta descoberta, a União Astronômica Internacional (IAU em inglês) anunciou o nome de um daqueles planetas anões do nosso Sistema Solar.Para quem não se lembra, Plutão foi rebaixado da categoria de planeta para a de planeta anão numa acalorada assembléia em 2006 em Praga. A partir daí, todos os objetos semelhantes a ele de nosso Sistema Solar passaram a ser classificados assim também. Aliás, esta discussão ainda não se encerrou por completo. Alguns astrônomos, principalmente americanos, prometem retomá-la na próxima assembléia geral da IAU. Essa assembléia será no Rio de Janeiro em 2009 e certamente eu estarei lá, “postando” para o G1.
Por estes dias a IAU decidiu batizar o objeto do cinturão de Kuiper (lê-se “cóiper”) conhecido por 2005 FY9 de Makemake (lê-se “máqui-máqui”). Este objeto foi descoberto por Mike Brown em 31 de março de 2005 e foi batizado de “coelhinho da Páscoa”, pois a descoberta se deu logo após o domingo de Páscoa. Apesar da IAU dar a honra ao descobridor de batizar sua descoberta, “coelhinho da Páscoa” não caía bem. Aliás, a tradição manda que, para além de Netuno, qualquer objeto deve ter o nome de alguma divindade relacionada à criação.Mike Brown, então procurou algum deus representado por um coelho, mas as possibilidades eram decepcionantes: coelhão ou Manabozho, entre outros. Mas algo como coelhão, também não passaria e um nome que terminasse em ‘Bozo’ não agradava muito. Foi aí que Brown encontrou Makemake, o deus da fertilidade da ilha de Páscoa em forma de coelho. Perfeito!
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