Quando a BBC visitou o local, a maioria dos engenheiros estava equipada apenas com lixas e pincéis. Eles nem começaram ainda a trabalhar na construção de sua espaçonave, que no momento é mais um projeto teórico.
Mas eles já começaram a construir uma aeronave, aparentemente para testar suas habilidades de engenharia antes de começar a construir a espaçonave na qual esperam, um dia, enviar um astronauta ugandense ao espaço.
O avião que eles estão construindo está ensanduichado entre dois edifícios de um andar que abriga Nsamba e sua equipe. Ele está pintado de azul e branco e leva orgulhosamente uma bandeira de Uganda na lateral da cabine.
Ainda está longe de ser completado e ainda não tem motor - apenas uma pilha de tijolos para simular o peso e uma série de cabos pendurados do lado de baixo.
Mas ainda assim parece um grande feito e deixaria qualquer um impressionado se não fosse um programa espacial. Nsamba acha que, se sua equipe tiver sucesso, essa será a primeira aeronave desenvolvida e construída em Uganda.
Tempo
A equipe de Nsamba é formada por voluntários, principalmente de estudantes de engenharia, e quando a BBC visitou o local todos estavam trabalhando exaustivamente, lixando a fuselagem da aeronave. Todos menos um, cujo trabalho parecia ser pintar o mesmo ponto no topo da cabine várias vezes.
Questionado sobre quanto tempo ele acha que vai levar para conseguir enviar uma aeronave tripulada para a órbita da Terra, Nsamba diz que é algo que levará tempo.
"Deixe-me dizer uma coisa para você", ele responde. "Construir uma aeronave é um trabalho grande", diz. Em sua avaliação, isso poderá acontecer num prazo entre quatro e seis anos.
Uganda não é conhecida por seu papel na exploração espacial. Na verdade, Nsamba terá que certificar pessoalmente os candidatos a astronautas, porque não há mais ninguém no país capaz ou qualificado para fazê-lo.
Ele tem tido até que fazer o treinamento da equipe. Seu curso se baseia fortemente em sua experiência como estudante de astronomia -- ensinando como calcular a distância entre os planetas, o que é a Linha de Kármán (limite entre a atmosfera terrestre e o espaço exterior) ou educá-los sobre os perigos da reentrada na atmosfera.
A falta de instalações adequadas está prejudicando o projeto, mas ao ser questionado como simular a gravidade zero em Campala, a capital do país, Nsamba não se deixa abater.
"É fácil. Tenho um jato pedido, então estou planejando construir um túnel, colocar o motor do avião do lado de baixo e quando jogarmos o cara no túnel ele vai flutuar de maneira semelhante à que flutuaria no espaço", garante.
Orgulho
Outro grande desafio é o financiamento do projeto. Nos Estados Unidos, uma recente decisão de reduzir o financiamento da Nasa, a agência espacial americana, foi recebida com fortes críticas, mas ela ainda assim receberá vários bilhões de dólares neste ano e no próximo.
O Programa Africano de Pesquisas Espaciais depende de doações de seus associados, que são hoje cerca de 600, principalmente em Uganda. Eles terão que ser bastante generosos para garantir que a aeronave de Nsamba saia do chão e ainda mais para colocá-la em órbita.
Por isso tudo, é fácil ridicularizar o programa ou descartar Nsamba como um sonhador e dizer que a espaçonave africana é uma fantasia. Mas muitos ugandenses pensam diferente e veem com orgulho a contribuição do país para a exploração espacial.
O primeiro negro diretor de voo na Nasa foi Kwatsi Alibaruho, filho de pai ugandense. O presidente do país, Yoweri Musevei, frequentemente se refere a Alibaruho como um exemplo do que o povo de Uganda é capaz de alcançar. Para Museveni, seus feitos contradizem a visão do mundo de uma Uganda subdesenvolvida e atrasada.
Por tudo isso, não há como não ter um certo grau de admiração por Nsamba, ainda que sem grande confiança de que a primeira espaçonave tripulada de Uganda levantará voo de Campala na próxima década.
Mas eles já começaram a construir uma aeronave, aparentemente para testar suas habilidades de engenharia antes de começar a construir a espaçonave na qual esperam, um dia, enviar um astronauta ugandense ao espaço.
Técnicos do Programa Africano de Pesquisas Espaciais trabalham sob a sombra de uma árvore
(Foto: Brooke Bocast / BBC)
A equipe de Nsamba é formada por voluntários, principalmente de estudantes de engenharia, e quando a BBC visitou o local todos estavam trabalhando exaustivamente, lixando a fuselagem da aeronave. Todos menos um, cujo trabalho parecia ser pintar o mesmo ponto no topo da cabine várias vezes.
Bandeira de Uganda já está pintada na fuselagem do protótipo
(Foto: Brooke Bocast / BBC)
Uganda não é conhecida por seu papel na exploração espacial. Na verdade, Nsamba terá que certificar pessoalmente os candidatos a astronautas, porque não há mais ninguém no país capaz ou qualificado para fazê-lo.
Ele tem tido até que fazer o treinamento da equipe. Seu curso se baseia fortemente em sua experiência como estudante de astronomia -- ensinando como calcular a distância entre os planetas, o que é a Linha de Kármán (limite entre a atmosfera terrestre e o espaço exterior) ou educá-los sobre os perigos da reentrada na atmosfera.
A falta de instalações adequadas está prejudicando o projeto, mas ao ser questionado como simular a gravidade zero em Campala, a capital do país, Nsamba não se deixa abater.
"É fácil. Tenho um jato pedido, então estou planejando construir um túnel, colocar o motor do avião do lado de baixo e quando jogarmos o cara no túnel ele vai flutuar de maneira semelhante à que flutuaria no espaço", garante.
Trabalho ainda é feito sem muita estrutura (Foto: Brooke Bocast / BBC)
Orgulho
Outro grande desafio é o financiamento do projeto. Nos Estados Unidos, uma recente decisão de reduzir o financiamento da Nasa, a agência espacial americana, foi recebida com fortes críticas, mas ela ainda assim receberá vários bilhões de dólares neste ano e no próximo.
O Programa Africano de Pesquisas Espaciais depende de doações de seus associados, que são hoje cerca de 600, principalmente em Uganda. Eles terão que ser bastante generosos para garantir que a aeronave de Nsamba saia do chão e ainda mais para colocá-la em órbita.
Por isso tudo, é fácil ridicularizar o programa ou descartar Nsamba como um sonhador e dizer que a espaçonave africana é uma fantasia. Mas muitos ugandenses pensam diferente e veem com orgulho a contribuição do país para a exploração espacial.
O primeiro negro diretor de voo na Nasa foi Kwatsi Alibaruho, filho de pai ugandense. O presidente do país, Yoweri Musevei, frequentemente se refere a Alibaruho como um exemplo do que o povo de Uganda é capaz de alcançar. Para Museveni, seus feitos contradizem a visão do mundo de uma Uganda subdesenvolvida e atrasada.
Por tudo isso, não há como não ter um certo grau de admiração por Nsamba, ainda que sem grande confiança de que a primeira espaçonave tripulada de Uganda levantará voo de Campala na próxima década.
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