Buraco fica a 50 milhões de anos-luz da Terra, na galáxia Messier 87.
Descoberta pode melhorar compreensão sobre como galáxias evoluem.
Uma equipe internacional de astrônomos visualizou, pela primeira vez,
detalhes da estrutura dos jatos de gás e poeira que são lançados por um
buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia gigante, a 50 milhões
de anos-luz da Terra.
O time publicou o estudo na revista "Science" desta quinta-feira (27)
e, segundo os autores, saber como a energia é extraída do buraco negro
para formar um jato pode melhorar a compreensão sobre como as galáxias
evoluem.
Usando telescópios nos estados do Havaí, Arizona e Califórnia, com
detalhes 2 mil vezes mais precisos que os do Telescópio Espacial Hubble,
os pesquisadores observaram o "ponto de não retorno" do buraco negro,
ou seja, a menor distância que a matéria pode se aproximar antes de ser
puxada para dentro e "engolida".
Imagem
é uma simulação do jato lançado do centro de buraco negro, visto como
um círculo preto e rodeado por um disco de gás (Foto: Courtesy of the
Avery E. Broderick/University of Waterloo/Perimeter Institute)
Acredita-de que existam buracos negros supermassivos nos centros da
maioria das galáxias, como a Via Láctea. Um buraco negro é uma região no
espaço onde a força da gravidade é tão forte que nada – nem a luz –
consegue escapar sem ser sugado. O limite ao redor dele é chamado de
horizonte de eventos.
Segundo o principal autor, Shep Doeleman, do Centro de Astrofísica
Harvard-Smithsonian e do Observatório Haystack do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, uma vez que objetos caem
nesse horizonte de eventos, perdem-se para sempre.
"É uma porta de saída do nosso Universo. Se você cruzá-la, não voltará", diz.
Imagem
feita pelo Telescópio Espacial Hubble mostra jato roxo do buraco negro
contrastando com o brilho amarelo do aglomerado de estrelas que habitam a
galáxia M87 (Foto: Nasa and the Hubble Heritage Team)
O time examinou o buraco negro no centro de uma galáxia elíptica
gigante chamada Messier 87, ou M87. Esse buraco negro tem uma massa 6
bilhões de vezes maior que a do Sol e é cercado por um disco de gás que
gira em direção ao seu centro, ambos no mesmo sentido. Embora o buraco
negro seja invisível, o disco é quente o suficiente para brilhar e ser
detectado.
De acordo com o coautor Jonathan Weintroub, do Harvard-Smithsonian, o
buraco tem aproximadamente o mesmo tamanho do buraco que ocupa o centro
da Via Láctea. Segundo a teoria da relatividade geral proposta pelo
físico alemão Albert Einstein, a massa e o giro de um buraco negro
determinam quão próximo uma matéria pode orbitar ao redor dele antes de
se tornar instável e ser atraída para o horizonte de eventos.
No futuro, os astrônomos planejam acrescentar dados de telescópios do
Chile, do México, da Europa, da Groenlândia e do Polo Sul, para obter
imagens ainda mais detalhadas dos buracos negros.
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