quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Telescópios observam detalhes de jatos que saem de buraco negro

Buraco fica a 50 milhões de anos-luz da Terra, na galáxia Messier 87.
Descoberta pode melhorar compreensão sobre como galáxias evoluem.

Do G1, em São Paulo

Uma equipe internacional de astrônomos visualizou, pela primeira vez, detalhes da estrutura dos jatos de gás e poeira que são lançados por um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia gigante, a 50 milhões de anos-luz da Terra.

O time publicou o estudo na revista "Science" desta quinta-feira (27) e, segundo os autores, saber como a energia é extraída do buraco negro para formar um jato pode melhorar a compreensão sobre como as galáxias evoluem.

Usando telescópios nos estados do Havaí, Arizona e Califórnia, com detalhes 2 mil vezes mais precisos que os do Telescópio Espacial Hubble, os pesquisadores observaram o "ponto de não retorno" do buraco negro, ou seja, a menor distância que a matéria pode se aproximar antes de ser puxada para dentro e "engolida".
Buraco negro (Foto: Courtesy of the Avery E. Broderick/University of Waterloo/Perimeter Institute) 
Imagem é uma simulação do jato lançado do centro de buraco negro, visto como um círculo preto e rodeado por um disco de gás (Foto: Courtesy of the Avery E. Broderick/University of Waterloo/Perimeter Institute)
 
Acredita-de que existam buracos negros supermassivos nos centros da maioria das galáxias, como a Via Láctea. Um buraco negro é uma região no espaço onde a força da gravidade é tão forte que nada – nem a luz – consegue escapar sem ser sugado. O limite ao redor dele é chamado de horizonte de eventos.

Segundo o principal autor, Shep Doeleman, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian e do Observatório Haystack do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, uma vez que objetos caem nesse horizonte de eventos, perdem-se para sempre.

"É uma porta de saída do nosso Universo. Se você cruzá-la, não voltará", diz.

Buraco negro (Foto: Nasa and the Hubble Heritage Team) 
Imagem feita pelo Telescópio Espacial Hubble mostra jato roxo do buraco negro contrastando com o brilho amarelo do aglomerado de estrelas que habitam a galáxia M87 (Foto: Nasa and the Hubble Heritage Team)
 
O time examinou o buraco negro no centro de uma galáxia elíptica gigante chamada Messier 87, ou M87. Esse buraco negro tem uma massa 6 bilhões de vezes maior que a do Sol e é cercado por um disco de gás que gira em direção ao seu centro, ambos no mesmo sentido. Embora o buraco negro seja invisível, o disco é quente o suficiente para brilhar e ser detectado.

De acordo com o coautor Jonathan Weintroub, do Harvard-Smithsonian, o buraco tem aproximadamente o mesmo tamanho do buraco que ocupa o centro da Via Láctea. Segundo a teoria da relatividade geral proposta pelo físico alemão Albert Einstein, a massa e o giro de um buraco negro determinam quão próximo uma matéria pode orbitar ao redor dele antes de se tornar instável e ser atraída para o horizonte de eventos.
No futuro, os astrônomos planejam acrescentar dados de telescópios do Chile, do México, da Europa, da Groenlândia e do Polo Sul, para obter imagens ainda mais detalhadas dos buracos negros.

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