A união de duas estrelas anãs brancas – estágio final da vida de um
astro como o Sol – deu origem à supernova mais brilhante já observada
até hoje, aponta um novo estudo feito pelo Conselho Superior de
Investigações Científicas (CSIC) dos EUA e publicado na revista "Nature"
desta semana.
Uma supernova é, em geral, uma explosão resultante da transferência de
matéria entre duas estrelas – uma anã branca e outra normal, como o Sol,
por exemplo. Uma anã branca tem massa de até 1,4 vez a do Sol e vai
esfriando lentamente, pois seu combustível acabou.
Supernova SN1006 resultou de união de astros
(Foto: Nasa/CXC/Rutgers/G.Cassam-Chenaï, J.Hughes et al.)
A explosão que gerou a supernova SN1006 ocorreu no ano de 1006 e ficou
visível pelos três anos seguintes, em diferentes partes do mundo.
Relatos históricos dizem que o objeto – localizado a 7 mil anos-luz da
Terra, na constelação do Lobo – era três vezes mais brilhante que o
planeta Vênus e tinha um quarto do brilho da Lua.
Essa supernova é do tipo Ia, ou seja, gerada por dois objetos
astronômicos ligados pela força gravitacional entre eles. Mas, como os
astrônomos não identificaram, no lugar onde a SN1006 se formou, nenhum
candidato a companheira da anã branca original, eles supõem que duas
estrelas semelhantes se uniram, e que o material delas foi expulso sem
deixar vestígios.
"Essa é a grande novidade, pois normalmente – em mais de 80% dos casos –
há uma anã branca que explode, e a estrela companheira continua na
órbita da supernova, não desaparece", diz o pesquisador da divisão de
astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos
Alexandre Wuensche.
De acordo com a pesquisadora Pilar Ruiz-Lapuente, do CSIC, existem
geralmente três tipos de estrelas no local das explosões: gigantes,
subgigantes e anãs. E as atuais observações apontaram apenas a presença
de quatro gigantes na região onde se encontram os remanescentes da
SN1006. Isso indica que não há estrelas companheiras que sobreviveram à
explosão, pois as gigantes não participam desse processo.
A equipe usou um equipamento de alta resolução do Very Large Telescope,
que tem quase oito metros de altura e pertence ao Observatório Europeu
do Sul, no norte do Chile. Colaboraram também pesquisadores da
Universidade de San Fernando de la Laguna, nas Ilhas Canárias, da
Universidade de Barcelona, da Universidade Complutense de Madri, na
Espanha, e do Observatório Astronômico de Padova, na Itália.
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