Estrela de nêutrons orbita com estrela companheira a cada 93 minutos.
Achado foi feito por equipe internacional, que analisou dados de 4 anos.
Um pulsar que viaja pelo espaço com uma estrela companheira,
completando a órbita mais rápida já vista para esse tipo de sistema, foi
detectado por uma equipe de astrônomos, que publicou estudo na revista
“Science” desta quinta-feira (25).
Um pulsar é uma estrela de nêutrons, um objeto compacto e muito denso,
muitas vezes com grande rotação, formado durante a explosão de uma
estrela.
O pulsar deste estudo, que gira 390 vezes por segundo em torno de seu
próprio eixo, se localiza na constelação do Centauro e tem uma estrela
companheira que gira ao seu redor. A dupla faz uma órbita em torno de
seu centro de massa comum em apenas 93 minutos. A velocidade do pulsar
chega a 13 mil quilômetros por hora, e a da parceira é ainda maior: 2,8
milhões de quilômetros por hora.
Segundo os cientistas, liderados por Holger Pletsch, do Instituto Max
Planck de Física Gravitacional, na Alemanha, esse é o mais curto período
orbital conhecido de todos os pulsares que habitam sistemas binários –
em que dois corpos giram em volta de um centro comum, ligados
gravitacionalmente.
O
calor emitido pelo pulsar (esq.) aquece e evapora a estrela
companheira. A estrela de nêutrons é cercada por um forte campo
magnético, em azul (Foto: Nasa/ESA/AEI/Milde Marketing Science
Communication)
Esse astro de nêutrons, chamado PSR J1311-3430, é o que restou da
explosão de estrelas massivas. Ele ainda concentra muita massa, apesar
de ser bastante compacto. De acordo com a equipe, a descoberta pode
ajudar a entender a origem e a evolução desses tipos raros de pulsares,
que têm centenas de rotações por segundo e incorporam matéria de suas
estrelas companheiras.
O novo pulsar foi apelidado de “viúva negra”, pois está “sugando” o
astro que orbita – este já identificado anteriormente por telescópios
ópticos. O nome, segundo os astrônomos, é uma alusão à espécie de aranha
em que a fêmea mata o macho após a cópula. Isso porque, no futuro, a
PSR J1311-3430 pode acabar evaporando por inteiro a parceira – que é
feita basicamente de gás hélio – e ficar sozinha. Cada vez mais, as duas
estão se aproximando, e atualmente ficam a 1,4 vez a distância da Terra
em relação à Lua.
Raios
gama emitidos pelo pulsar, em rosa, estão evaporando a estrela
companheira. O sistema é tão compacto que caberia inteiro dentro do
nosso Sol, como mostra a ilustração acima (Foto: SDO/AIA/AEI)
Algumas estrelas de nêutrons giram em torno de seu próprio eixo e
emitem ao espaço feixes de raios gama semelhantes a um farol. Esse sinal
radioativo também revela muito sobre a companheira, que no atual caso é
pequena e extremamente densa – com pelo menos oito vezes a massa de
Júpiter e apenas 60% do raio do planeta. Em relação ao Sol, a densidade
do astro que acompanha a PSR J1311-3430 é cerca 30 vezes maior.
Desde 2008, o lançamento do telescópio espacial de raios gama Fermi, da
Nasa, tem colaborado para que os astrônomos detectem um grande número
de pulsares – esse novo foi encontrado graças à técnica, após uma
análise de dados obtidos ao longo de quatro anos. O primeiro pulsar
rápido foi descoberto há 30 anos, por outros métodos.
O novo pulsar fica acima da lança na constelação do Centauro, na Via Láctea
(Foto: Stellarium/AEI/Knispel)
Nenhum comentário:
Postar um comentário