TEXAS (EUA) - Há muito tempo os astrônomos sabem que as estrelas não
nascem isoladamente, mas em grandes “ninhadas”, de uma só vez. No caso
do Sol, esse fenômeno aconteceu há cerca de 4,6 bilhões de anos. Na
ocasião, uma enorme nuvem molecular de gás e poeira interestelar entrou
em colapso em razão da força da gravidade, esquentando até as matérias
mais densas. Essas formações mais quentes explodiram em chamas
termonucleares que começaram a brilhar. O Sol tem entre mil e 10 mil
“irmãos e irmãs”. No entanto, ao longo das eras, tudo o que se perdeu em
outras partes da galáxia nunca mais havia sido visto novamente.
Nunca
até agora. A novidade veio por meio de um grupo de astrônomos liderados
por Ivan Ramirez, da Universidade do Texas, nos EUA, que anunciou ter
encontrado uma das estrelas “irmãs” do Sol, que estavam “perdidas” há
milhões de anos. Trata-se da estrela conhecida como HD 162826, que está
flutuando pela Via Láctea a cerca de 110 anos-luz da Terra, perto
constelação de Lyra.
-
Nós estávamos apenas realizando um experimento para testar uma nova
técnica de pesquisa. O fato de termos achado essa nova estrela torna
tudo fantástico - apontou Ivan Ramirez, principal autor do artigo que
será publicado em junho no “Astrophysical Journal”. O astrônomo também
esteva em uma equipe que encontrou um “quase gêmeo” do Sol em 2007. No
entanto, constatou-se que se tratava de uma estrela cerca um bilhão de
anos mais jovem, e que havia nascido a partir de uma nuvem diferente.
Técnica para a busca
A
ideia por trás de uma busca por irmãos solares é bastante simples. Cada
nuvem molecular de formação de estrelas tem uma composição química
ligeiramente diferente, com base em sua idade e localização na galáxia -
uma espécie de DNA cósmico transportada para as estrelas a partir das
nuvens. Quando se encontra uma estrela com o mesmo DNA, encontra-se um
“irmão”.
Na prática, porém, tudo é um pouco mais complicado. Não é
possível medir essas impressões digitais com precisão absoluta. Duas
nuvens podem ser semelhantes o suficiente para enganar todos os
astrônomos.
Assim, Ramirez e sua equipe identificou 30 prováveis
estrelas “irmãs” do Sol - apontados em estudos anteriores - e deram um
passo além: calcularam as medidas precisas da distância desses
“candidatos” em relação ao Sol - e seus movimentos -, permitindo-lhes
reconstruir o caminho que fizeram pelo espaço.
Apenas o HD 162826
respondeu a todos os critérios para que fosse considerado semelhante ao
Sol.
O HD 162826 não é exatamente uma “irmã” gêmeo. Ele é cerca de
15% mais maciço, e isso não é uma surpresa. Um nuvem molecular pode dar
origem a estrelas de tamanhos variados. A estrela, por coincidência, já
estava sob observação de cientista há muitos anos. A ideia era
averiguar a possibilidade da existência de algum planeta em torno dele.
Nada
apareceu ainda, mas as buscas não são precisas o suficiente para
detectar planetas semelhantes a Terra, por exemplo. Entretanto, os
cientistas acreditam que não é impossível que algum dia nós descubramos
que esta primeira “irmã” do Sol tenha filhos, e que a própria Terra
tenha algum primo de primeiro grau.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/astronomos-localizam-estrela-irma-do-sol-perdida-no-espaco-12459674#ixzz31W9Th2zL
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