quinta-feira, 8 de maio de 2014

Cientistas recriam 14 bilhões de anos de evolução do Universo

Simulação é a mais próxima da realidade já produzida, dizem especialistas.

Da BBC

Imagem mostra explosões que geraram planetas e estrelas, 4 bilhões de anos após o Big Bang (Foto: Illustris Collaboration/BBC) 
Imagem mostra explosões que geraram planetas e estrelas, 4 bilhões de anos após o Big Bang (Foto: Illustris Collaboration/BBC)
Uma equipe internacional de pesquisadores criou a mais completa simulação visual de como o Universo evoluiu. unO modelo de computador mostra como as primeiras galáxias se formaram em torno de aglomerados da substância misteriosa invisível chamada matéria escura.
É a primeira vez que o Universo é modelado de forma tão extensa e em tão grande resolução. A simulação fornecerá uma plataforma de teste para novas teorias sobre do que o Universo é feito e como ele funciona.
Uma das maiores autoridades do mundo na formação de galáxias, o professor Richard Ellis, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, descreveu a simulação como 'fabulosa'.
'Agora podemos analisar como as estrelas e as galáxias se formam e relacionar isso à matéria escura', disse à BBC News.
O modelo de computador baseia-se nas teorias do professor Carlos Frenk, da Universidade de Durham, no Reino Unido. Ele disse que estava 'satisfeito' que um modelo de computador tenha chegado a um resultado tão bom, presumindo que o Universo começou com a matéria escura.
Há mais de 20 anos cosmólogos criam modelos de computador sobre como o Universo evoluiu. O processo consiste em alimentar o modelo com detalhes sobre como o Universo era logo após o Big Bang, desenvolver um programa de computador com base nas principais teorias da cosmologia e, em seguida, deixá-lo rodar.
O Universo simulado pelo programa é geralmente muito aproximado do que os astrônomos realmente veem. A última simulação, porém, apresenta um Universo que é surpreendentemente semelhante ao real.
Um laptop normal levaria quase 2 mil anos para executar a simulação. No entanto, usando supercomputadores de ponta e um software inteligente chamado Arepo, os pesquisadores foram capazes de processar os números em três meses.
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Imagem mostra explosões que geraram planetas e estrelas, 4 bilhões de anos após o Big Bang (Foto: Illustris Collaboration/BBC)O universo real captado pelo telescópio Hubble,
à esquerda, e a imagem gerada pela simulação,
à direita (Foto: Illustris Collaboration/BBC)
 
Árvore cósmica
No início, a simulação mostra fios do misterioso material que os cosmólogos chamam de matéria escura se alastrando pelo vazio do espaço como os ramos de uma árvore cósmica. Com a passagem de milhões de anos, os aglomerados de matéria escura se concentram para formar as 'sementes' das primeiras galáxias.

Em seguida, surge a matéria não-escura, o material do qual, com o tempo, surgirão estrelas, planetas e vida.
Em diversas explosões cataclísmicas, a matéria é sugada para dentro de buracos negros e, em seguida, expelida: um período caótico de formação de estrelas e galáxias. A simulação, por fim, revela um Universo que é semelhante ao que vemos ao nosso redor.

Segundo Mark Vogelsberger, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que liderou a pesquisa, as simulações comprovam muitas das teorias atuais de cosmologia. "Muitas das galáxias simuladas se assemelham bastante às galáxias do Universo real. Isso indica que nosso entendimento básico sobre como o Universo funciona deve estar correto e completo", disse ele.

A nova simulação em particular embasa a teoria de que a matéria escura é o 'andaime' em que o Universo visível está pendurado. "Se você não incluir a matéria escura (na simulação), o resultado não será parecido ao Universo real," disse Vogelsberger à BBC News.

A simulação é a primeira a mostrar a matéria visível surgindo da matéria escura. Ela também vai ajudar os cosmólogos a aprender mais sobre outra força misteriosa chamada energia escura, que está alimentando a aceleração contínua do Universo.

A Agência Espacial Europeia planeja lançar uma aeronave espacial chamada Euclid em 2020 para medir a aceleração do Universo. Simulações precisas vão ajudar nesse processo, afirma Joanna Dunkley, da Universidade de Oxford. "Para utilizar os dados coletados por Euclid, teremos que simular nossas expectativas sobre a energia escura e comparar com o que vemos", disse ela.

Já o cosmólogo Robin Catchpole, do Instituto de Astronomia de Cambridge, é mais cauteloso sobre as novas descobertas. Apesar de ter saudado a simulação como 'espetacular', ele disse que 'é preciso não se deixar levar por sua beleza visual pura'. Segundo ele, é possível produzir imagens 'que se parecem com as galáxias sem que elas tenham muito a ver com a física de como as galáxias surgiram'.


Do G1.globo.com

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