Na busca por vida no sistema solar, a Europa, uma lua de Júpiter que
abriga um oceano, parece mais promissora do que Marte, o grande deserto
onde os Estados Unidos concentram seus esforços limitados por cortes
orçamentários, afirmam especialistas.
"Fora da Terra, a Europa é o lugar do nosso sistema solar com a maior
probabilidade de se encontrar vida, e deveríamos explorá-la", afirmou
Robert Pappalardo, cientista responsável do Jet Propulsion Laboratory
(JPL), laboratório da agência espacial americana Nasa.
Ele comenta que a lua é recoberta por uma camada de gelo relativamente
fina, possui um oceano (líquido sob o gelo) em contato com rochas no
fundo, é geologicamente ativa e bombardeada por radiações que criam
oxidantes e formam, ao se misturar com a água, uma energia ideal para a
vida.
No entanto, a pedido da Nasa a missão que exploraria a lua Europa foi
revista devido a um corte de custos, explicou à imprensa o cientista,
durante a conferência anual da Associação americana pelo avanço da
ciência (AAAS, em inglês), que acontece em Boston até o dia 18 de
fevereiro.
O JPL, aliado ao laboratório de física aplicada da Universidade Johns
Hopkins, em Maryland, concebeu um novo projeto de exploração chamado
"Clipper" num valor total de US$ 2 bilhões, sem contar com o
lançamento
da nave.
Lua de Júpiter pode ter oceano de água. (Foto: Nasa)
O aparato seria colocado na órbita de Júpiter e realizaria vários vôos
de aproximação à Europa, seguindo o exemplo da sonda Cassini em Titã,
uma lua de Saturno. "Desta forma, podemos cobrir de forma eficaz toda a
superfície da Europa, pela metade do custo inicial", assegurou
Pappalardo. Se for aprovado, o "Clipper" pode ser lançado em 2021 e
demoraria de três a seis anos para chegar à lua Europa.
Em comparação, são necessários apenas seis meses para se chegar a
Marte. De qualquer forma, a Nasa informou não possuir fundos suficientes
para sustentar a missão Clipper no atual contexto de cortes
orçamentários.
Uma prioridade científica
No entanto, a agência espacial anunciou em dezembro o envio de um novo robô a Marte em 2020 seguindo o exemplo do Curiosity, um projeto de US$ 2,5 bilhões. Tendo chegado ao planeta vermelho em agosto de 2012, o Curiosity busca determinar se Marte pode ter desenvolvido alguma forma de vida.
No entanto, a agência espacial anunciou em dezembro o envio de um novo robô a Marte em 2020 seguindo o exemplo do Curiosity, um projeto de US$ 2,5 bilhões. Tendo chegado ao planeta vermelho em agosto de 2012, o Curiosity busca determinar se Marte pode ter desenvolvido alguma forma de vida.
De acordo com os projetos atuais de exploração robótica da Nasa, os
Estados Unidos não terão mais sondas na parte mais longínqua do sistema
solar após a chegada da nave Juno à órbita de Júpiter em 2016,
programada para se chocar contra o planeta um ano mais tarde.
Por outro lado, a Nasa pode participar da missão da Agência Espacial
Europeia (ESA) a Júpiter e as suas luas, batizada de "Jupiter Icy Moon
Explorer", com previsão de chegada para 2030.
O jipe Curiosity em Marte (Foto: Divulgação / Nasa)
Embora Pappalardo admita que Marte representa grande parte da
exploração do sistema solar pela Nasa, ele acredita que a agência
"também deveria explorar lugares que constituem uma grande prioridade
científica". "Uma das perguntas fundamentais é saber se existe vida fora
do sistema solar", completou.
Enquanto Marte pode ter sido habitada a bilhões de anos atrás, a Europa
pode ser propícia à vida neste momento, insistiu o cientista. "Se a
Europa é o melhor lugar do sistema solar para abrigar vida depois da
Terra, a Encelade, uma lua de Saturno, a segue de perto", ressaltou
Amanda Hendrix, do Instituto de ciência planetária em Tucson (sudoeste).
A Encelade conta com 'um mar e um oceano de água líquida embaixo de uma
camada de gelo e é geologicamente ativa com uma fonte de calor no polo
sul, além de um gêiser que emite partículas de água', explicou na mesma
coletiva de imprensa. A Europa foi observada de perto pela primeira vez
pelas sondas americanas Voyager em 1979 e Galileo nos anos 1990.
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