Emissões de rádio mostram o 'planeta' no alto à direita
Pesquisadores britânicos da Universidade de St Andrews, na Escócia, detectaram um "planeta em estágio embrionário", nos arredores do nosso Sistema Solar, que pode ter menos de 2 mil anos de idade.
A descoberta foi apresentada na Reunião Nacional de Astronomia da Grã-Bretanha, em Belfast. A equipe de astrônomos disse que detectou, em volta de uma estrela, uma bola de poeira e gás que está se transformando em um planeta gigante. A cientista que liderou as pesquisas, Jane Greaves, afirmou que a descoberta foi uma grande surpresa e acrescentou que o crescimento do planeta pode ter sido desencadeado pela passagem de uma outra jovem estrela pelo sistema há cerca de 1,6 mil anos. "Na verdade (o planeta) não era o que estávamos procurando. E ficamos surpresos quando encontramos. O planeta mais jovem já confirmado tem 10 milhões de anos", disse Greaves.
Disco de gás
Os cientistas começaram estudando um disco de gás e partículas rochosas em volta da estrela HL Tau, que está a 520 anos-luz da constelação de Touro e teria menos de 100 mil anos. O disco seria gigantesco e brilhante, o que o torna um local excelente para a procura por sinais de planetas em processo de formação. Segundo os pesquisadores a imagem que eles conseguiram é a de um planeta primitivo, ainda envolto no material presente em seu nascimento. Simulação de computador dos astrônomos britânicos com a estrela HL Tau e o disco de gás e rochasMas existe a possibilidade de que este gigante, que é 14 vezes maior que Júpiter, seja ainda mais novo.
De passagem
Para Ken Rice, do Instituto de Astronomia de Edimburgo, na Escócia, a descoberta joga nova luz nas teorias sobre a formação de planetas. Segundo um modelo de teoria, os planetas se formam de baixo para cima. Observando este cenário, as partículas de material rochoso colidem e "grudam" umas nas outras, formando um objeto cada vez maior. Para Rice o planeta primitivo perto da estrela HL Tau se formou de maneira relativamente rápida quando uma região do disco sofreu um colapso, formando uma estrutura independente. Isto poderia ter ocorrido devido à instabilidade no próprio disco. E, o mais intrigante, uma outra jovem estrela na mesma região, chamada XZ Tau, pode ter passado bem próxima da HL Tau, há cerca de 1,6 mil anos. Apesar de isso não ser necessário para a formação de um novo planeta, é possível que a passagem desta estrela tenha perturbado o disco, tornando-o instável. E, em termos astronômicos, este evento é muito recente. "É possível que (a estrela XZ Tau) tenha dado 'puxão' em um lado do disco em volta da HL Tau, o que fez com que ele ficasse instável, e este foi o 'gatilho' para que o planeta se formasse", disse Rice. "Se o planeta foi formado nos últimos 1,6 mil anos, este evento seria incrivelmente recente", acrescentou o cientista.
Paul Rincon, De Belfast para a BBC