quinta-feira, 6 de junho de 2013

Estrelas 'bebês' lançam jato de poeira em regiões distantes da Via Láctea

Telescópio Espacial Spitzer, da Nasa, ajuda a mapear a nossa galáxia.
Até o fim do ano, astrônomos esperam ter uma visão em 360° do céu.

Do G1, em São Paulo

 
 
Bolha gigante esculpida na poeira espacial por estrelas de grande massa provoca a formação de bolhas menores (Foto: Nasa/JPL-Caltech/University of Wisconsin ) 
Imagem em infravermelho mostra bolha gigante que foi esculpida na poeira espacial por estrelas de grande massa e é responsável pela formação de bolhas menores (Foto: Nasa/JPL-Caltech/University of Wisconsin )
 
Novas observações de áreas mais distantes e desabitadas da Via Láctea, feitas pelo Telescópio Espacial Spitzer, da Nasa, mostram dezenas de estrelas recém-nascidas lançando jatos de seus "casulos" de poeira. O estudo da Universidade de Wisconsin foi apresentado na quarta-feira (5) durante reunião da Sociedade Americana de Astronomia, em Indianápolis.

As imagens foram captadas por raios infravermelhos em azul e verde do Spitzer, e combinadas com informações em vermelho do telescópio Wise, também da Nasa, que preencheu lacunas nas áreas que o Spitzer não cobriu.

Uma das fotos revela a região próxima à constelação do Cão Maior, com mais de 30 astros jovens ejetando material. Até agora, já foram identificadas 163 regiões que contêm jatos expelidos por estrelas, algumas agrupadas e outras isoladas.

Os registros fazem parte do projeto Glimpse 360, que está mapeando a topografia do céu da nossa galáxia. 

Ainda este ano, devem ser divulgados os resultados, que incluem uma visão completa em 360°. Até agora, o projeto já mapeou 130° do céu ao redor do centro da galáxia.

A Via Láctea é uma coleção de estrelas espiral e predominantemente plana, como um disco de vinil, mas com uma ligeira dobra – que também será mapeada. Nosso Sistema Solar está localizado a cerca de dois terços de seu centro em direção às extremidades, no chamado Esporão de Órion, um desdobramento do braço de Perseus, um dos principais braços da galáxia.

Segundo a astrônoma Barbara Whitney, da Universidade de Wisconsin, os cientistas estão descobrindo todos os tipos de formação de novas estrelas em áreas menos conhecidas das bordas exteriores da Via Láctea.

Para ajudar no Glimpse 360, os astrônomos também têm contado com a ajuda do público leigo, que vasculha as imagens obtidas em busca de bolhas cósmicas que indiquem a presença de estrelas quentes e de grande massa. Essas pessoas participam do Projeto Via Láctea, que funciona em esquema colaborativo e voluntário.
Dezenas de estrelas recém-nascidas expelem jatos de seus 'casulos' de poeira (Foto: Nasa/JPL-Caltech/University of Wisconsin) 
Astros recém-nascidos expelem jatos de 'casulos' de poeira
 (Foto: Nasa/JPL-Caltech/University of Wisconsin)
Imagem feita pelo Spitzer lembra corais e algas, segundo astrônomos (Foto: Nasa/JPL-Caltech/University of Wisconsin) 
Imagem do Spitzer lembra corais e algas, dizem cientistas
(Foto: Nasa/JPL-Caltech/University of Wisconsin)

Supertelescópio em deserto do Chile descobre 'fábrica' de cometas

Alma identificou fenômeno ao ver 'armadilha' de poeira em volta de estrela.
Região fica a 400 anos-luz da Terra, na constelação do Serpentário.

Do G1, em São Paulo
Concepção artística mostra 'armadilha' de poeira no sistema Oph-IRS 48 (Foto: ESO/L. Calçada) 
Concepção artística mostra 'armadilha' de poeira no sistema Oph-IRS 48 (Foto: ESO/L. Calçada)
 
O supertelescópio Alma (sigla de Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), instalado no Deserto do Atacama, no Chile, identificou pela primeira vez uma "fábrica" de cometas ao observar uma "armadilha" de poeira ao redor de uma estrela jovem, a 400 anos-luz da Terra.

Os resultados do estudo, coordenado pelo Observatório de Leiden, na Holanda – e com participação de institutos e universidades dos EUA, Chile, Alemanha, Irlanda e China –, serão publicados na revista "Science" desta sexta-feira (7), e estão antecipados online nesta quinta (6). Os registros foram feitos quando o Alma ainda estava sendo construído – a inauguração ocorreu em março.

Esta é a primeira vez que uma armadilha de poeira do tipo é claramente observada e reproduzida – até agora, não havia provas concretas de que elas realmente existissem.

A estrela identificada no sistema Oph-IRS 48, na constelação do Serpentário, é rodeada por um anel de gás com um buraco central, provavelmente criado por um planeta invisível ou uma estrela companheira.

A armadilha, localizada no redemoinho de gás do disco, funciona como um "porto seguro" para favorecer o crescimento de partículas de poeira, que começam como grãos milimétricos que vão se colidindo e aglutinando, até atingir a dimensão de cascalhos ou pedregulhos de um metro de comprimento, capazes de formar cometas.

Essa cilada tem um tempo de vida médio de centenas de milhares de anos – apesar disso, mesmo quando perde sua função, a poeira acumulada leva milhões de anos para se dispersar.

Segundo os autores, liderados pela cientista Nienke van der Marel, a descoberta soluciona um mistério de longa data sobre a formação dos planetas, pois ajuda a explicar como as partículas de poeiras nos discos estelares crescem até atingir o tamanho suficiente para formar cometas, planetas e outros corpos rochosos.

Há tempos, os cientistas sabem que há inúmeros planetas orbitando em torno de estrelas, mas o que eles ainda não compreendem muito bem é como esses corpos se formaram.

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