Aglomerado de galáxias Abell 1689 serve como lente gravitacional. Descoberta é relatada na próxima edição da revista 'Science'.
Do G1, em São Paulo
O aglomerado de galáxias Abell 1689 foi utilizado por uma equipe de astrônomos como uma lente gravitacional cósmica para o estudo da matéria escura pela primeira vez. O estudo foi divulgado nesta quinta-feira (19) é tema da próxima edição da revista Science.
Combinada com outra técnicas existentes, a experiência permitiu aperfeiçoar a medição de massa e energia no universo. A equipe foi liderada pelo cosmólogo da Universidade Yale Priyamvada Natarajan.
Com uso de dados fornecidos pelo Telescópio Espacial Hubble e de outros observatórios terrestres, os cientistas analisaram 34 galáxias do aglomerado localizado na direção da constelação de Virgem, a 2,2 bilhões de anos-luz da Terra. O trabalho permitiu detectar galáxias de fundo, opacas, cuja luz foi projetada e desviada pela influência gravitacional de Abell 1689.
O superaglomerado de galáxias Abell 1689, está a 2,2 bilhões de anos-luz da Terra e é um dos maiores conhecidos na atualidade. Por meio deste objeto, galáxias de fundo tiveram a luz projetada e desviada, sendo detectadas pelos telescópios e estudadas pela equipe liderada pelo cosmólogo Priyamvada Natarajan. (Foto: NASA, ESA, Eric Jullo / JPL, Priyamvada Natarajan / Yale, Jean-Paul Kneib / Université de Provence)
A energia escura é um dos principais mistérios da astronomia na atualidade. Descoberta em 1998, não pode ser vista, mas possui influência gravitacional e representa 72% de toda massa e energia detectada no universo. Cientistas acreditam que a pressão exercida pela matéria escura seria o motivo para a expansão acelerada do universo.
O efeito da lente gravitacional foi previsto pelo Albert Einstein durante a elaboração da Teoria Geral da Relatividade, no início do século XX. Segundo o físico alemão, corpos muito massivos possuem forte campo gravitacional, capaz de desviar até mesmo raios luminosos, realizando o mesmo papel de uma lente comum.
A constatação desta teoria foi em parte feita no Brasil, em Sobral (CE), durante experiência coordenada pelo britânico Arthur Eddington em 1919, um dos maiores entusiastas das ideias de Einstein. O desvio de estrelas, maior do que o previsto pela teoria anterior sobre gravitação, do inglês Isaac Newton, foi usado como uma das primeiras provas para as previsões do físico alemão.