O objeto UDFj-39546284 está no limite de alcance do
Hubble (Foto: Nasa/ESA/R.Ellis/HUDF12/BBC)
Astrônomos conseguiram imagens das áreas mais distantes do universo já
registradas com o telescópio espacial Hubble. Eles identificaram seis
novas galáxias que se formaram apenas algumas centenas de milhões de
anos depois do Big Bang.
O novo estudo, realizado por especialistas do Instituto de Tecnologia
"Claro que o objeto mais distante é interessante, mas é o
'recenseamento' - a contagem dos sete objetos - que nos dá a primeira
indicação da população no coração desta... era", disse o professor
Richard Ellis, do Caltech. da Califórnia (Caltech) e da Universidade de Edimburgo, na Escócia,
também atualizou a estimativa de distância de uma sétima galáxia,
colocando-a em uma posição ainda mais distante no tempo do que qualquer
outro objeto já identificado até então.
Chamada de UDFj-39546284, a galáxia foi localizada a uma distância
equivalente a quando o universo tinha apenas 3% de sua idade atual. A
nova pesquisa com as imagens do Hubble dá a ideia mais clara de como
foram os primeiros anos da história do universo.
As informações dão apoio à ideia de que as primeiras galáxias
aglomeraram suas estrelas de uma forma mais suave e não em uma explosão
súbita, como se acreditava antes.
As
posições das sete galáxias no Campo Ultraprofundo do Hubble, um pedaço
do céu com um décimo do diâmetro da Lua cheia (Foto:
Nasa/ESA/R.Ellis/HUDF12/BBC)
Fornalha
Essas descobertas fazem parte de um projeto chamado UDF-12, que se
concentra sobre uma faixa pequeno do céu, na constelação Fornax (A
Fornalha). O Hubble vem analisando este local desde 2003, tentando
formar uma imagem dos objetos cuja distância da Terra é tão grande que a
luz deles chega até aqui em quantidades minúsculas.
A luz vinda dos objetos mais remotos teve seu início como uma emissão
ultravioleta (comprimento de onda mais curto) e, em seguida, foi
esticada pela expansão do universo até se transformar em infravermelha
(mais longa). Pelo fato de ter sido necessário tanto tempo para que esta
luz nos atingisse, as observações do projeto estão na verdade olhando
para o passado.
Os objetos captados pelo Hubble estão tecnicamente localizados em uma
faixa de período de tempo que vai de cerca de 600 milhões de anos a 380
milhões de anos depois do Big Bang. Atualmente, pesquisadores sugerem
que o Big Bang ocorreu há cerca de 13.77 bilhões de anos.
O objeto mais distante, o UDFj-39546284, foi anunciado pela primeira
vez por Garth Illingworth e Rychard Bouwens, na revista especializada
"Nature", em 2011. Eles estimaram sua localização a 480 milhões de anos
depois do Big Bang. Mas, o conjunto de dados levantados pelo professor
Ellis e sua equipe sugere que esta galáxia na verdade está a uma
distância ainda maior.
Ross McLure (esq.) e James Dunlop participaram da
pesquisa (Foto: Royal Observatory - Edinburgh/BBC)
Segunda geração
Os cientistas analisam estas áreas tão distantes no tempo e espaço para
obter mais informações sobre o desenvolvimento das estruturas do
universo, para ajudar a explicar a forma atual do cosmo. Eles procuram
dados sobre as primeiras populações de estrelas. Estes "gigantes
quentes" teriam crescido de nuvens de gás frio e neutro que compunham o
universo jovem.
Estes corpos celestes tinham vidas curtas, produzindo os primeiros
elementos pesados. Elas também queimaram o gás neutro à sua volta,
arrancando elétrons dos átomos e produzindo o plasma difuso
intergalático que ainda é possível detectar entre as estrelas.
O professor James Dunlop, da Universidade de Edimburgo e que participou
do projeto, afirma que quando as seis galáxias são analisadas, elas
"parecem razoavelmente maduras". "Elas têm uma quantidade razoável de
elementos pesados de gerações anteriores de estrelas", disse.
"Então, de uma forma, a mensagem é que nós ainda não estamos vendo a
primeira geração de estrelas, a chamada População 3 de estrelas. Mesmo
quando chegamos ao que temos agora, menos de 5% da idade do universo,
ainda estamos vendo a segunda geração, objetos relativamente evoluídos."
Mas, será muito difícil ir mais longe no tempo com o Hubble. Para isto,
os cientistas terão que esperar até que o telescópio espacial James
Webb seja lançado, algo que está previsto apenas para 2018.