EFE | WASHINGTON
Os cientistas identificaram sete raras partículas microscópicas de pó cósmico que datam das origens do sistema solar e poderiam ser as primeiras mostras de pó interestelar contemporâneo, informou nesta quinta-feira a Nasa.
As partículas fazem parte da carga de amostras recolhida pela sonda espacial Stardust que retornou à Terra em 2006 após sete anos de viagem e mais de 4.800 quilômetros percorridos.
A descoberta rendeu outros 12 estudos sobre as partículas que aparecerão na próxima semana na revista "Meteoritics & Planetary Science", antecipou a Nasa. EFE/Arquivo
Desde então uma equipe de cientistas esteve analisando os fragmentos capturados em uma rede com forma de raquete fabricada com um aerogel de dióxido de silício, o material sólido mais leve conhecido capaz de deter o pó sem modificá-lo pelo impacto.
Os cientistas acreditam que as partículas provavelmente vieram de fora de nosso sistema solar, talvez por uma explosão de uma supernova há milhões de anos e alteradas pela exposição ao extremo ambiente espacial, segundo explicam em um estudo que será publicado na edição de amanhã da revista "Science".
A descoberta rendeu outros 12 estudos sobre as partículas que aparecerão na próxima semana na revista "Meteoritics & Planetary Science", antecipou a Nasa.
"Estes são os objetos mais difíceis que jamais teremos no laboratório para seu estudo e é um triunfo que tenhamos progredido tanto em sua análise", disse Michael Zolensky, do laboratório Stardust no Centro Espacial Johnson da Nasa em Houston e coautor do artigo da "Science".
Os cientistas advertem que precisam fazer testes adicionais antes de poder dizer definitivamente que se trata de restos procedentes do espaço interestelar.
Mas, se for confirmado, asseguram que essas minúsculas partículas cósmicas de uma grossura inferior a de um pelo humano, poderiam ajudar a explicar a origem e a evolução do pó interestelar (que se situa entre as estrelas), assim como do sistema solar.
A estrutura e a composição química das partículas resultou ser muito mais diversa do que esperavam os cientistas, que apontaram que algumas têm uma estrutura esponjosa, similar a um floco de neve.
Da descoberta participaram uma equipe de "cientistas-cidadãos" que se envolveram em um projeto de cooperação científica da universidade californiana de Berkeley para ajudar a detectar as partículas de milésimos de milímetro.
Membros do Centro Espacial Johnson exploraram metade dos painéis em distintas profundezas e transformaram o material escaneado em filmes que publicaram na internet, para que os voluntários buscassem rastros de partículas, que posteriormente foram verificados por cientistas.
As supernovas, as gigantes vermelhas e outras estrelas produzem um pó interestelar e geram elementos pesados como o carbono, o nitrogênio e o oxigênio necessário para a vida.
A Nasa ressaltou que duas partículas, que foram apelidadas Orion e Hylabrook, foram submetidas a mais testes para determinar as quantidades de isótopos de oxigênio, o que poderia proporcionar evidências mais claras de sua origem extra-solar.