quarta-feira, 23 de julho de 2014

Fapesp se une a consórcio global para construção de telescópio gigante

Acordo prevê que Fapesp invista US$ 40 milhões para participação de 4%.
Giant Magellan Telescope (GMT) terá diâmetro de 25 metros.


G1 em SP


Ilustração projeto de Giant Magellan Telescope (GMT): instrumento terá 7 espelhos primários de 8,4 metros de diâmetro cada um, totalizando 25 metros de diâmetro. (Foto: Giant Magellan Telescope/Divulgação)

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) decidiu se unir ao projeto do Giant Magellan Telescope (GMT) – telescópio gigante que deve ser instalado no Observatório Las Campanas, no Deserto do Atacama, no Chile. A informação foi confirmada pelo pesquisador Hernan Chaimovich, coordenador dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da Fapesp. Segundo ele, a decisão é resultado de mais de dois anos de avaliações.

O consórcio internacional firmado para a construção do GMT reúne atualmente 10 parceiros, entre eles instituições dos Estados Unidos, da Austrália e da Coreia. Mas, para financiar o projeto completo, o consórcio ainda buscava o apoio de novos parceiros. Pela proposta, a Fapesp tem de desembolsar US$ 40 milhões para se unir ao projeto e garantir uma participação de 4% no tempo de uso do telescópio por pesquisadores do estado de São Paulo. A previsão é que o GMT entre em funcionamento em cerca de 10 anos.

A função de telescópios da classe do GMT é identificar com detalhes as características de planetas e fenômenos cada vez mais distantes no universo.
Wendy Freedman, presidente do GMT, apresenta projeto na Fapesp, em São Paulo, nesta quarta-feira (13). (Foto: Eduardo Cesar/FAPESP)Wendy Freedman, presidente do GMT, apresenta
projeto na Fapesp, em São Paulo, em novembro de
2013. (Foto: Eduardo Cesar/FAPESP)
“Foi uma decisão tomada com muito cuidado, os pareceres científicos foram emitidos por assessores do mundo todo”, afirma Chaimovich. Em novembro do ano passado, representantes do projeto GMT vieram a São Paulo para participar de um workshop promovido pela Fapesp para apresentar detalhes do telescópio gigante para a comunidade científica do país.
Pesquisadores brasileiros da área de astronomia também apresentaram seus estudos durante o evento e demonstraram de que maneira o acesso ao GMT poderia contribuir para seus projetos.
“Houve todo um processo cujo resumo foi colocado para o Conselho Superior da Fapesp pelo diretor científico e, quem decide no fim, por ser um investimento importante, é o Conselho Superior”, diz Chaimovich. Segundo o pesquisador, está também em curso uma negociação entre a Fapesp e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) para que o governo federal contribua com os custos da participação, para que pesquisadores de todos os estados brasileiros possam usufruir do telescópio.
Outros projetos
Existem outros dois projetos de telescópios gigantes no mundo: o European Extremely Large Telescope (E-ELT) e o Thirty Meter Telescope (TMT). O Brasil ainda decide atualmente se vai ou não ser um dos parceiros no projeto do E-ELT, coordenado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO). Em 2010, o então ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, assinou o contrato de adesão, mas o processo ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional.

Caso a participação brasileira seja aprovada, o custo de adesão inicial que o Brasil deve quitar é de 130 milhões de euros, fora as contribuições anuais que já passaram a ser contabilizadas desde 2010.
Adesão ao consórcio do GMT custa US$ 50 milhões. (Foto: Giant Magellan Telescope/Divulgação)Adesão ao consórcio do GMT custa US$ 40 milhões.
(Foto: Giant Magellan Telescope/Divulgação)
Atualmente, os pesquisadores brasileiros têm acesso a telescópios de 8 metros, que são considerados muito grandes. A próxima geração de telescópios, que são os gigantes, tem entre 25 metros (o GMT) e 39 metros (o E-ELT).
“Eles servem para ver as coisas em detalhes muito maiores. Com esse telescópio, teria como observar planetas do tipo da Terra, muito próximos a estrelas, que tivessem condições de desenvolver vida. Ou então ir cada vez mais longe, no fundo do universo e ver as primeiras galáxias se formando e ir voltando no tempo para ver como o universo começou a brilhar”, diz o astrônomo Cássio Barbosa, professor da Universidade do Vale do Paraíba (Univap)
Menos riscos
Para a pesquisadora Wendy Freedman, presidente do GMT, o projeto tem poucos riscos, já que os principais desafios técnicos já foram superados. O telescópio será constituído por 7 espelhos primários com 8,4 metros de diâmetro cada um. Cada um dos espelhos primários terá um espelho secundário correspondente, de diâmetro menor. O primeiro dos espelhos já foi desenvolvido, polido e testado. Dois outros espelhos estão em processo de fabricação e o material do quarto espelho já foi comprado.

“Nós já testamos os componentes primários de engenharia que serão usados no telescópio. Em termos de seu diâmetro, ele é menor. Por isso, no total, ele tem o menor custo e os menores riscos técnicos em comparação com os outros projetos”, disse Wendy, em novembro.
Ela afirma que a adesão ao projeto seria importante para os jovens pesquisadores brasileiros. “Haverá no máximo três telescópios gigantes no mundo e este estará na primeira linha. Será uma oportunidade incrível, especialmente para os astrônomos mais jovens do Brasil, que poderão estar na primeira linha da astronomia.”
GMT será construído no deserto do Atacama, no Chile. (Foto: Giant Magellan Telescope/Divulgação)



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