sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Cometa Ison teria sobrevivido após passar perto do Sol, dizem cientistas

Imagens recentes mostram que Ison, inicialmente declarado morto, voltou a ter brilho.

Da BBC
Imagem do cometa Ison, que atinge nesta tarde uma maior proximidade do SOl (Foto: Damian Peach/BBC) 
Imagem do cometa Ison, que pode ter sobrevivido após passar próximo do Sol
 (Foto: Damian Peach/BBC)

O cometa Ison, ou alguma parte dele, teria sobrevivido ao encontro com o Sol, afirmaram os cientistas. O pedaço de rocha gigante de gelo e areia foi inicialmente declarado morto quando não conseguiu emergir por detrás da estrela com o brilho esperado pelos astrônomos.

Tudo que poderia ser visto nas imagens dos telescópios era uma leve mancha - seu núcleo e sua cauda pareciam destruídos. Mas imagens recentes indicaram um brilho do que seria um pequeno fragmento do cometa.

Astrônomos admitiram surpresa e satisfação, mas agora se mantêm cautelosos de que algo possa acontecer nas próximas horas ou dias. Se o cometa (ou o que sobrou dele) pode continuar a brilhar, ou simplesmente sumir de vez.

"Nós temos acompanhado esse cometa por um ano e todo o caminho tem nos surpreendido e confundido", disse o astrofísico Karl Battams, que lidera o projeto Sungrazing Comets na agência espacial americana, a Nasa.

A Agência Espacial Europeia também havia sido uma das primeiras organizações a sentenciar a morte de Ison, mas reavaliou a situação. Uma pequena parte do núcleo pode estar intacto, dizem especialistas.
 
Dúvida
Ainda não se sabe, entretanto, qual parcela da massa de gelo de 2 quilômetros sobreviveu. Segundo especialistas, Ison teria sido seriamente afetado ao passar a 1,2 milhão de quilômetros acima da superfície do Sol, uma distância razoavelmente pequena considerando as dimensões espaciais.

Durante esse percurso, sua camada de gelo teria vaporizado rapidamente sob temperaturas acima de 2 mil graus Celsius. A imensa gravidade da estrela também teria impactado o pedaço de rocha.

Segundo a especialista Karl Battams, "nós gostaríamos de ter alguns dias apenas para olhar as imagens que vêm da aeronave espacial (de observação, pertencente à Nasa), e que nos permitirá avaliar o brilho do cometa que estamos vendo agora, e como esse brilho muda".

"Isso talvez nos dê uma ideia da composição desse objeto e o que acontecerá com ele nos próximos dias ou semanas". Independente do que acontecer adiante, os cometas devem voltar a ter importância no próximo ano.

Daqui a praticamente um ano, o Cometa Siding Spring vai passar a uma distância de menos de 100 mil quilômetros de Marte. E, em novembro de 2014, a missão Rosetta, da Agência Espacial Europeia, tentará inserir uma sonda no núcleo do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

Ison, o cometa [piadista] do século


por Cassio Barbosa |
categoria Observatório
 



Nós estivemos acompanhando aqui no G1 e em vários outros sites toda a saga do cometa Ison, lembra? Desde que foi descoberto ele foi batizado de “cometa do século”. Isso porque ainda além da órbita de Júpiter, seu brilho já era o de um cometa que estivesse muito mais próximo. Aplicando-se os modelos que descrevem como o brilho aumenta com a diminuição da distância ao Sol, a previsão era de que seria possível que ele fosse visto até mesmo de dia. Esses modelos foram construídos em observações de cometas típicos durante décadas, sendo aperfeiçoados cometa após cometa.

Para que ele se tornasse o tal cometa do século, o Ison precisaria resistir a uma prova e tanto. Sua órbita previa um periélio (a menor distância até o Sol) tão curto que o cometa teria de atravessar a coroa solar sem ser destruído, tanto pelas imensas temperaturas, quanto pelas intensas forças gravitacionais. Os prognósticos eram ruins, mas outros cometas passaram por isso anteriormente e sobreviveram para contar a história, ainda que nenhum tenha ficado tão brilhante assim.

O fato é que o Ison não é um cometa típico e adora pregar peças nos astrônomos: ele estava brilhante onde deveria estar fraco; ele manteve seu brilho constante, quando deveria ter aumentado; sofreu uma violenta erupção, com a emissão de jatos, quando seu núcleo estava “adormecido”; e finalmente, perdeu brilho conforme se aproximou do Sol, quando deveria estar em seu máximo, e se desintegrou no periélio. Só que não!

Já há dois dias que venho acompanhado o Ison quase que de hora em hora, através das imagens obtidas pelos satélites que monitoram continuamente a atividade solar, como o Soho e os Stereo. Durante a tarde a expectativa pela passagem pelo periélio e a sobrevivência do núcleo após esse encontro tórrido com o Sol tomou conta de muita gente. Tanto que o site do satélite Soho, com as melhores imagens dessa passagem saiu do ar.

No meio da tarde o Ison mergulhou por trás do disco solar e suas últimas imagens não eram lá muito auspiciosas. Elas mostravam um cometa com “cabeça pontuda”, como se as partes externas de uma pedra fossem sendo desbastadas, até que uma bolinha brilhante se tornasse a ponta de um alfinete brilhante. Esse é o sinal de que o núcleo é consumido ou se desintegra. Em ambos os casos, destruído.

Durante algum tempo ainda, astrônomos ficaram debatendo se o Ison surgiria novamente nas imagens dos satélites, mas ninguém tinha muita esperança.

Quando já havia um consenso de que o Ison não teria resistido ao seu periélio,  o Soho mostrou uma imagem em que é possível ainda ver uma tênue cauda surgindo na direção esperada para o cometa. Tipo cauda de um núcleo inexistente.

O que deve ter acontecido é que fragmentos do núcleo do Ison continuaram seguindo a órbita do núcleo, como uma bola de neve que vai se despedaçando durante o voo. Apesar das aparências e querer muito que fosse ele, sem dúvida nenhuma o Ison nos pregou outra peça!

Em primeiro lugar, o tal cometa sem cabeça foi interpretado como os fragmentos do núcleo exauridos de todo o gelo, portanto, com pouco brilho. Só a reflexão da luz do Sol nos destroços rochosos. Só que aos poucos o a ponta dessa agulha está se tornando mais brilhante.

Na última imagem do Soho, neste começo de madrugada, ele voltou a ter coma! Isso pode significar que uma parte do núcleo do cometa deve sim ter sobrevivido e está ativo, ou seja, ainda há gelo suficiente nele para formar a coma em volta do núcleo e uma pequena cauda! O cometa deve então seguir sua trajetória e voltar a ser observado no começo de dezembro, especialmente no hemisfério norte.

Mas, na real, eu não aposto em mais nada e termos de previsão para o Ison. Dois colegas meus “enterraram” o cometa mais cedo. Eu mesmo reescrevi este post 2 vezes e ainda estou esperando as imagens mais recentes para poder dizer alguma coisa com mais firmeza. Não duvido que mais tarde as imagens mostrem que essa coma seja a fragmentação derradeira dos destroços do núcleo, pondo um ponto final nisso tudo.

Mas uma coisa é certa. O Ison veio para animar o cenário de cometas. Astrônomos que lidam com imagens do Soho afirmaram que já viram centenas de cometas, mas nenhum como esse. Adaptando uma piadinha que correu no Twitter desse pessoal, “exemplos de mortos que voltaram à vida: vampiros, zumbis, Jason e agora o Ison”.


*Crédito: Agência Espacial Europeia 
http://g1.globo.com/platb/observatoriog1/2013/11/29/ison-o-cometa-piadista-do-seculo/

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