quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Chuva de cometas nas proximidades



de cometas? Não seria chuva de meteoros? Poderia ser, mas não nesse caso. Estamos falando de Eta Corvi, um sistema planetário ainda em formação.

O negócio é o seguinte: uma das principais missões do telescópio espacial Spitzer é pesquisar a evolução de sistemas planetários para tentar entender como se forma um desses. Até uns 10 anos atrás tínhamos um modelo de evolução de sistemas planetários baseados no nosso Sistema Solar. Afinal ele era o único conhecido. O fato é que ele parece ser a exceção à regra, com planetas rochosos mais próximos da estrela central e os gigantes gasosos mais distantes. O que vemos por aí é que temos gigantes gasosos muito próximos da estrela, ou mesmo planetas rochosos, mas enormes, chamados de “super-Terras”.
Enquanto a formação de sistemas assim ainda é tema controverso, a evolução deles não parece tão bizarra. Existem evidências observadas de que nosso sistema, principalmente os planetas mais próximos do Sol, sofreu um intenso bombardeio de cometas e asteroides ainda no início dos tempos. Essas evidências estão na superfície da Lua, são as inúmeras crateras que marcam sua superfície. Outra evidência é a existência dos oceanos na Terra. Apenas a água proveniente do gás protoplanetário não seria suficiente para formar os oceanos. Essa água toda teria de ter vindo em cometas ou asteroides com grande massa de água em sua composição.
Voltando à Eta Corvi, um time de astrônomos liderado por Carey Lisse da Universidade John Hopkins publicou no Astrophysical Journal o que seriam dois anéis de poeira circundando a estrela central. As observações com o Spitzer, que opera no infravermelho, sugerem que um cometa gigante provavelmente foi destruído no choque com um planeta ou outro corpo celeste muito grande. Os destroços formaram uma banda de poeira orbitando a estrela central dentro da zona onde se espera que planetas do tipo terrestre estejam se formando. Isto sugere que planetas como o nosso estejam agora sendo bombardeados por esses destroços, assim como foi a Terra no início da formação do Sistema Solar. Eta Corvi tem aproximadamente um bilhão de anos, mais ou menos a idade que nosso Sistema tinha quando este tipo de evento aconteceu.
Curiosamente, a análise da composição química desta poeira lembra muito a composição química do meteorito Almahata Sitta, aquele que caiu no Sudão em 2008 e que eu mostrei um fragmento aqui mesmo no blog em 2009. Isso sugere que tanto o meteorito de Almahata, quanto o corpo que se desintegrou em Eta Corvi se formaram na mesma região em relação a sua estrela central, mas cada qual em seu sistema, claro.
A segunda faixa de poeira é mais fria e mais massiva e está localizada nos limites exteriores do sistema de Eta Corvi e parece ser o reservatório de cometas deste sistema. Essa banda de poeira lembra muito, em localização e tamanho, o nosso Cinturão de Kuiper (pronuncia-se cóiper). Foi deste Cinturão que partiram (e ainda partem) os cometas, tragados pela força gravitacional dos gigantes gasosos do nosso Sistema Solar e que eventualmente se chocaram com os planetas ou mesmo mergulharam em direção ao Sol.
Com tantas similaridades com o cenário primordial do nosso Sistema Solar, Eta Corvi é um sistema que merece muito mais estudos por si só, conclui Carey Lisse.

Por Cassio Barbosa, Blog Observatório
http://g1.globo.com/platb/observatoriog1/

Fim do mundo adiado!

Mais uma vez, eu sou portador de más notícias àqueles que acreditam em Nibiru e no Elenin como artífices da destruição da Terra. Caros amigos, lamento informar que, o cometa Elenin foi destruído!
Que doce ironia, não? O elemento que “traria a destruição da Terra” acaba sendo destruído e agora não passa de uma nuvem de destroços. Mas como se deu este fato?

O cometa Elenin, como todos os cometas ativos é – ou melhor, era – formado por um núcleo que, na verdade, não passa de uma bola de gelo sujo. De quando em quando, a configuração dos planetas gigantes em relação ao Sol provoca um puxão gravitacional que desestabiliza um objeto da nuvem de Oort. Essa nuvem é uma região bem grande, que guarda restos da formação do Sistema Solar e que abriga milhares de pedaços de rocha vagando pelo espaço. A nuvem de Oort é considerada um reservatório de cometas. Quando as condições que eu mencionei acima são favoráveis, uma dessas rochas, ou pedaços de gelo, avança lentamente em direção ao Sol, levando milhares, ou até milhões de anos para chegar por aqui.
Até que esses objetos se aproximem muito do Sol, eles passam despercebidos, pois são pequenos e refletem pouca luz. Quando eles chegam às proximidades do Sistema Solar, a radiação do Sol aquece o núcleo, que acaba evaporando o gelo, formando uma ou várias caudas. Dessa maneira, fica mais fácil de se detectar um cometa.
O caso do Elenin não foi nada diferente, seguiu essa prescrição e, não se sabe por que motivo, caiu no gosto dos fatalistas que estavam certos que ele traria o fim do mundo. A internet foi inundada de relatos de como esse cometa traria a destruição, inclusive associando vários terremotos com supostos alinhamentos com o sistema Sol-Terra. Numa continha rápida usando a famosa lei da Gravitação Universal de Newton, dá para perceber que um carro popular tem influência gravitacional muito maior sobre as placas tectônicas da Terra do que o Elenin.
E o que houve com o todo poderoso Elenin? Aconteceu com ele o que acontece com 3% dos cometas que se aproximam do Sol: eles se despedaçam em milhares de fragmentos de rocha e gelo que seguem na mesma órbita do cometa. Esse fato já era desconfiado mais ou menos na época em que eu escrevi este post sobre essa balela toda. Observadores haviam relatado que o brilho do cometa tinha diminuído, ao invés de aumentar, já que ele estava se aproximando do Sol. Então ele teria de ter se partido. Eu só esperei a confirmação oficial para voltar ao assunto.
Então ficamos assim. O fim do mundo fica adiado mais uma vez e, se você comprou uma casa ou um carro financiado achando que não ia precisar pagar todas as prestações, é bom começar a se preocupar!

Por Cassio Barbosa, Blog Observatório
http://g1.globo.com/platb/observatoriog1/

Asteroide dá pistas sobre como foi formação planetária no Sistema Solar

Do G1, em São Paulo  
À primeira vista, o asteroide Lutetia 21 não parece muito diferente das outras milhares de rochas que ficam no cinturão localizado entre Marte e Júpiter. Mas três estudos publicados nesta quinta-feira (27) na revista especializada “Science” mostram que ele pode ser um “pré-planeta”. Por isso, pode ajudar astrônomos a entender como se formou o nosso Sistema Solar.
Foto do asteroide Lutetia 21 feita pela sonda Rosetta (Foto: ESA 2010 MPS for OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA)
As três pesquisas usaram dados da sonda espacial europeia Rosetta, que passou por Lutetia 21 em julho do ano passado.
Segundo dados de um desses trabalhos, liderado pelo alemão Holger Sierks, o Lutetia 21 tem 121 km de comprimento, 101 km de altura e 75 km de largura.
De acordo com a equipe, o asteroide tem hoje basicamente a mesma estrutura interna que tinha no início do Sistema Solar.
Outro grupo alemão, de Martin Patzold, calculou a densidade do asteroide: 3,4 toneladas por metro cúbico – o que o torna um dos mais densos já vistos.
Isso surpreendeu os cientistas por indicar que o Lutetia 21 não é um “amontoado” de pedras e fragmentos de pedras, como a maioria dos outros asteroides e como os cientistas esperavam que ele fosse pelas imagens de sua superfície.
Segundo os pesquisadores, o achado é surpreendente porque indica que existam outros tipos de corpos celestes na nossa vizinhança mais diferentes do que eles imaginavam. E que o Lutetia 21 é, na verdade, feito daquilo que os primeiros planetas rochosos (como a Terra) tinham no início da formação do nosso sistema.
Uma terceira equipe, da italiana Angioletta Coradini (que faleceu em setembro), estudou a composição do Lutetia 21 e descobriu que a temperatura máxima da superfície não passa de cerca de -19 °C.

Foto do asteroide Lutetia 21 feita pela sonda Rosetta (Foto: ESA 2010 MPS for OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA)

Brasileiros calculam raio de planeta-anão 'gêmeo' de Plutão

Éris gira em torno do Sol e tem tamanho quase idêntico ao de Plutão.   Brasileiros fizeram parte de equipe internacional que fez a descoberta.

Tadeu Meniconi Do G1, em São Paulo
Uma equipe internacional de astrônomos, incluindo vários brasileiros, conseguiu calcular com precisão o raio do planeta-anão Éris, que gira em torno do Sol a uma distância duas vezes maior que a do astro a Plutão.
A pesquisa mostrou que o raio dos dois planetas-anões é muito parecido e se referiu aos planetas como "gêmeos".
O raio de Éris é de 1.163 km, com margem de erro de 6 km para mais ou para menos. O de Plutão é estimado entre 1.150 km e 1.200 km.

Ilustração do planeta-anão Éris (Foto: ESO/L. Calçada)
O cálculo foi feito a partir de um eclipse ocorrido em 6 de novembro de 2010, quando Éris passou na frente de uma estrela, do ponto de vista de quem está na Terra.
“É muito raro ele passar na frente de uma estrela, saber disso antes é mais difícil ainda”, diz Roberto Martins, pesquisador titular do Observatório Nacional, que participou do grupo.

Essa informação foi obtida com dados dos telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), com base no Chile.

Uma vez que se sabia que haveria esse eclipse, vários observatórios se mobilizaram, mas apenas três telescópios no Chile conseguiram observar o fenômeno – outro, na Argentina, pôde ver o céu, mas não tinha ângulo para ver Éris. No Brasil, as nuvens atrapalharam o trabalho dos astrônomos.

Telescópio Caisey Harlingten, em San Pedro de Atacama, no Chile, foi um dos que observou o eclipse (Foto: A. Maury/Nature)

Mais cálculos
Já se conhecia a velocidade com que o planeta-anão – visto da Terra – se desloca. A partir disso, eles observaram o tempo que a luz da estrela levava para desaparecer e reaparecer. Com esse dado, foi possível deduzir o raio do planeta anão com precisão.

Martins conta que o cálculo é mais preciso do que apontou o raio de Plutão. “Plutão tem atmosfera, ela refrata a luz”, explica o astrônomo. Por conta disso, o eclipse ocorre de maneira gradual; no caso de Éris, ele é brusco, e a conta fica mais exata.

O estudo, no entanto, admite a possibilidade de que Éris tenha uma atmosfera que se congelou porque a rota do planeta anão é elíptica e a medição ocorreu quando ele estava muito longe do Sol – a 95,7 unidades astronômicas (1 UA representa a distância entre a Terra e o Sol, ou 150 milhões de km). Talvez, dizem os pesquisadores, uma atmosfera gasosa surja quando ele atingir o momento em que ele fica mais perto do Sol, a 37,8 UA.

Saber o raio é um primeiro passo que gera uma série de conhecimentos sobre o planeta anão. Como Éris tem um satélite natural, os astrônomos já sabiam a sua massa. “Sabendo a massa e o volume, sabemos a densidade. Sabendo a densidade, podemos saber a composição química”, raciocina Martins.

Também é possível calcular a cor do corpo celeste, a partir da quantidade de luz refletida. “É muito, muito branco”, resume o pesquisador do Observatório Nacional.
O trabalho publicado pela revista científica Nature foi liderado pelo astrônomo francês Bruno Sicardy, do Observatório de Paris.

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