O registro de um arco-íris lunar, fenômeno raro e quase desconhecido, em um par de fotos tiradas em outubro no norte da Inglaterra provocou um frisson nas redes sociais pelo mundo.
As imagens captadas nas regiões de Yorkshire e Northumberland apresentaram aos usuários do Twitter e do Facebook um registro visual de algo que muito pouca gente viu ou mesmo ouviu falar.
Gerado de maneira semelhante à do arco-íris solar, seu "primo" mais comum, o arco-íris lunar ocorre quando a luz (refletida pela Lua, em vez de irradiada diretamente pelo Sol) é refratada pela chuva ou pela névoa suspensa na atmosfera
Muito mais delicado e fugaz do que um arco-íris comum, o lunar raramente apresenta todo o espectro de cores e aparece tipicamente num tom branco-gelo.
Tema para as artes
Por causa de seu aspecto fantasmagórico e de seu charme espectral, pode-se pensar que o arco-íris lunar é um tema ideal para os artistas que querem evitar cair no lugar-comum do arco-íris mais conhecido.
Um comentário do pintor de paisagens inglês John Constable, que chamou o arco-íris lunar de "o mais belo e raro acontecimento", sugere que alguns artistas de fato estiveram atentos ao seu apelo.
Mas é surpreendente descobrir que, além de uma tela notável do pintor romântico alemão Caspar David Friedrich (1774-1840), o arco-íris lunar está ausente dessa forma de arte.
Em sua obra Paisagem Montanhosa com Arco-Íris (1809-1810), um arco resplandecente atravessa a escuridão observada por um caminhante, como se formando uma cúpula sobre ele.
Além das artes plásticas, há também ao menos uma referência conhecida ao fenômeno na literatura.
Há mais de dois séculos, no outono de 1799, o poeta inglês William Cole, hoje quase desconhecido, se surpreendeu com a visão extraordinária sobre o céu que escurecia sobre a região de Norfolk e registrou seu fascínio com a cena em um poema:
"A atmosfera com vapores úmidos no ar/ E a Lua pálida exibe seu arco lunar."
Consciente de que os leitores de seu poema provavelmente ficariam surpresos com o evento que ele descrevia, Cole incluiu uma nota de rodapé, direcionando os leitores a um artigo num jornal local que comprovava sua citação:
"Veja o Norfolk Chronicle, edição de 17 de novembro de 1799."