Concepção artística das 'fases' de planeta extra-solar (Foto: Observatório de Leiden)
Quatro séculos atrás, o célebre astrônomo Galileu Galilei ficou famoso por, entre outras coisas, apontar um telescópio na direção de Vênus e constatar que o planeta, magnificado, apresentava fases, iguais às que a Lua apresenta em seu movimento ao redor da Terra. Agora, astrônomos do Observatório de Leiden, na Holanda, fizeram exatamente a mesma coisa, mas com um planeta localizado fora do Sistema Solar. Pode parecer pouca coisa, mas não é. Enquanto Vênus -- o astro observado por Galileu -- é o vizinho mais próximo da Terra e aparece no céu, a olho nu, como um objeto bastante brilhante, o planeta HD 189733b está tão distante que nem mesmo com o auxílio dos mais poderosos telescópios é possível observá-lo com clareza. O objeto em questão está na categoria dos Hot Jupiters, assim chamados porque são gigantescos como Júpiter, mas orbitam muito próximos a suas estrelas-mães, o que faz deles incrivelmente quentes -- inabitáveis, portanto. O feito foi obtido graças ao poder do telescópio espacial CoRoT, satélite franco-europeu que conta com participação brasileira e tem como uma de suas missões principais descobrir planetas fora do Sistema Solar. Ele monitorou o HD 189733b por 55 dias seguidos. Nessas circunstâncias, era impossível observar a luz vinda do planeta evitando a luz proveniente da estrela vizinha. Por conta disso, a descoberta e o monitoramento de planetas pelo CoRoT envolve uma complexa análise da luz vinda daquela região, que permite dizer quando um astro planetário passa à frente da estrela e, com análises subsequentes, observar a contribuição luminosa do planeta para a luz total que chega à Terra. Por meio dessa análise, os cientistas liderados por Ignas Snellen conseguiram detectar uma flutuação gradual da luz vinda do planeta, conforme ele passava pelas fases crescente, minguante e nova. Esta última ocorria durante o chamado "trânsito", quando o planeta passa à frente da estrela. Já a fase cheia, não é visível porque nesse momento o planeta estaria passando atrás da estrela. Os resultados foram publicados na edição desta semana do periódico científico britânico "Nature".
Salvador Nogueira Do G1, em São Paulo
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