domingo, 20 de setembro de 2009

Sol expele rajadas contra Terra mesmo em períodos de 'calma', diz estudo

Cientistas constatam que, no ano passado, período de baixa atividade do Sol, a Terra foi bombardeada por energia solar.

Da BBC


O Sol bombardeia a Terra com rajadas de partículas - o chamado vento solar - mesmo quando sua atividade parece estar em baixa, afirmaram cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR, na sigla em inglês) e da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

Segundo os cientistas, isso contraria a noção de que a atividade solar pode ser medida apenas pelas manchas em sua superfície - nos ciclos de aproximadamente 11 anos, os períodos em que a atividade solar parece mais "quieta" coincidem com a fase em que há menos manchas na superfície.

Até agora, essas manchas eram usadas para medir as mudanças de impacto da estrela sobre a Terra durante esses ciclos de 11 anos.

Nas fases de maior atividade, o número de manchas aumenta. Neste período, o sol lança intensas chamas diariamente e tempestades geomagnéticas atingem a Terra frequentemente, derrubando satélites e interrompendo redes de comunicações.

"O Sol continua a nos surpreender", disse a líder da pesquisa Sarah Gibson, do Observatório de Alta Altitude do NCAR. "O vento solar pode atingir a Terra como uma mangueira de fogo, mesmo quando não há praticamente nenhuma mancha em sua superfície."

O estudo, financiado pela Nasa e pela Fundação Nacional da Ciência, está sendo publicado nesta sexta-feira (18) no "Journal of Geophysical Research".

Manchas
Há séculos os cientistas se baseiam nas manchas solares - áreas de campos magnéticos concentrados que aparecem como manchas escuras na superfície solar - para determinar o ciclo de aproximadamente 11 anos.

Desta vez, Gibson e sua equipe se concentraram em outro processo pelo qual o sol libera energia, analisando rajadas de vento solar de alta velocidade, que carregam turbulentos campos magnéticos para fora do sistema solar.

Quando essas rajadas chegam perto da Terra, elas intensificam a energia no cinturão de radiação em torno do planeta. Isso aumenta a pressão no topo da atmosfera e pode afetar satélites de meteorologia, navegação e comunicação, em órbita nessa região, além de ameaçar os astronautas da Estação Espacial Internacional.

Os cientistas analisaram informações coletadas por instrumentos espaciais e baseados na Terra durante dois projetos, um em 1996 e outro em 2008. O ciclo solar estava em sua fase de atividade mínima durante os dois períodos.

No passado, cientistas acreditavam que essas rajadas de vento praticamente desapareciam nos períodos de quietude do Sol, mas quando a equipe comparou o efeito do vento solar de agora com o de 1996, último período de calmaria do astro, concluiu que a Terra continuou sendo intensamente afetada no ano passado.

Apesar de o sol apresentar menos manchas em sua superfície do que em qualquer período de baixa dos últimos 75 anos, o efeito do astro sobre o cinturão de radiação em torno da Terra - medido pelos fluxos de elétrons - foi mais do que três vezes maior no ano passado do que em 1996.

Os cientistas também concluíram que, apesar de o Sol apresentar ainda menos manchas atualmente do que em seu período de calmaria de 1996, os ventos solares eram mais fracos 13 anos atrás.

Impacto
No momento de pico, o impacto acumulado das rajadas de vento durante um ano pode injetar tanta energia na Terra como as erupções maciças da superfície solar durante um ano no período de alta atividade do Sol, afirma a coautora do estudo Janet Kozyra, da Universidade de Michigan.
Segundo Gibson, as observações deste ano mostram que os ventos parecem finalmente ter diminuído, quase dois anos depois de as manchas terem chegado ao mínimo deste último ciclo.

Os cientistas, no entanto, afirmam que são necessários mais estudos para entender os impactos dessas rajadas de vento sobre o planeta. Para Gibson, o fato de que o Sol continua afetando intensamente as atividades magnéticas na Terra nestes períodos de calma pode ter implicações para satélites e outros sistemas tecnológicos.

"Isso deve manter os cientistas ocupados tentando juntar todas as peças", afirma ela.

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