Os físicos do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em  francês) "encurralaram" a partícula conhecida como “bóson de Higgs” – apelidada  de “partícula de Deus”, segundo anúncio feito nesta terça-feira (13), em  Genebra, na Suíça. Os pesquisadores ressaltam, no entanto, que não há dados  suficientes para se confirmar que ela foi “descoberta”.
O “bóson de Higgs” é uma partícula hipotética que seria responsável pela  existência de massa em outras partículas do Universo. Para encontrá-la, os  cientistam colidem prótons (que ficam no núcleo dos átomos) e procuram entre as  partículas que surgem do impacto.
Dois grupos principais e independentes trabalham na busca pela partícula no  Grande Colisor de Hádrons, do Cern, na Europa: o Atlas e o CMA. Os dois  apresentaram seus dados em um simpósio nesta terça.
O primeiro grupo a falar foi o Atlas, com a italiana Fabíola Gianotti.  Segundo ela, os cientistas já excluíram a possibilidade de encontrar o Higgs  entre as partículas que têm entre 141 e 476 gigaelétron-volts (a unidade de  medida de energia que os físicos usam para medir a massa de partículas, cujo  símbolo é “GeV”). Se o Higgs existir, ele deve ter entre 115 GeV e 130 GeV de  massa.
De acordo com a cientista, o grupo conseguiu reduzir a janela de  probabilidade onde a partícula deve estar. Dentro dela, a região onde estão  partículas com 126 GeV de massa parece ter indícios fortes da presença do Higgs  .
Após o Atlas, Guido Tonelli, do CMS, apresentou os dados de sua equipe. Eles  encontraram indícios do Higgs em uma região um pouco abaixo, mas muito próxima:  entre 123 GeV e 124 GeV de massa.
O brasileiro Sérgio Guerra, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e  membro do grupo CMS sugere cautela na análise dos resultados. "Os dados não são  conclusivos, a gente precisa lembrar sempre isso", afirmou ele.
Segundo os pesquisadores do Atlas, hoje há cinco vezes mais dados do que no  momento da última conferência, há seis meses.
Ilustração de uma colisão entre partículas promovida pelo acelerador  LHC. É com experimentos como esse que os cientistas estudam partículas como o  bóson de Higgs (Foto: Cern) 
Modelo Padrão
Os físicos têm uma teoria para explicar as partículas elementares do Universo – aquelas minúsculas que formam tudo que existe. Essa teoria se chama “Modelo Padrão”.
Os físicos têm uma teoria para explicar as partículas elementares do Universo – aquelas minúsculas que formam tudo que existe. Essa teoria se chama “Modelo Padrão”.
O Modelo Padrão explica tudo que sabemos sobre o comportamento e o surgimento  dessas partículas, menos uma coisa: por que elas têm massa? E essa é uma  pergunta muito importante. O fato de as partículas terem massa é a razão pela  qual qualquer coisa no mundo tem massa: o Sol, os planetas, eu e você.
É aí que entra o bóson de Higgs. Diversos físicos – entre eles um britânico  chamado Peter Higgs – descobriram um mecanismo teórico que tornaria possível que  as partículas tivessem massa. Esse mecanismo – batizado de “mecanismo de Higgs”  – prevê a existência de um “campo” que interage com tudo que existe no Universo.  Essa interação faz com que as partículas ganhem massa.
Para esse campo existir, é preciso também existir uma partícula especial e  invisível. Os físicos pegaram essa proposta e aplicaram nos cálculos do Modelo  Padrão e tudo fez sentido. A partícula invisível foi batizada em homenagem a  Higgs.
 


 
 

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