Do G1 em SP -A participação brasileira como país-membro do Observatório Europeu do  Sul (ESO, na sigla em inglês), grupo europeu de pesquisas astronômicas,  pode estar ameaçada caso o país não cumpra o acordo estabelecido em  dezembro de 2010, que prevê um investimento de 250 milhões de euros para  a aceitação no consórcio, segundo o diretor-geral do ESO, o astrônomo  holandês Tim de Zeuuw. Se o Brasil não entregar sua parte, a construção  de um telescópio gigante já atrasada pode não acontecer.
  Segundo Zeeuw, o prazo final para uma resposta financeira do Brasil  precisa ocorrer até junho, seis meses depois do previsto no compromisso  inicial firmado no final do mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da  Silva e do então ministro de Ciência, Tecnologia Sérgio Rezende.
  “Se existe um prazo final? Acho que podemos dizer que sim, afinal o  compromisso inicial era em dezembro de 2011. Se a situação não se  resolver até junho, teremos problemas”, alerta o chefe do ESO.
  Tim de Zeeuw cita que essa demora não é compreendida pelos outros  países-membros do ESO. "Algumas nações que participam do grupo estão  surpresas. E também não tem sido fácil entrar em contato com o governo  brasileiro", diz. 
  O ministério afirmou em nota que o projeto no valor de 250 milhões de  euros foi reavaliado por conta de ajustes orçamentários feitos pelo  governo brasileiro em 2011 e pela atual conjuntura econômica  internacional.
 Ilustração mostra como será o Telescópio Europeu Extremamente Grande.
 (Foto: ESO)
  O ministério brasileiro afirma que após reavaliação, o projeto está em  fase final de conclusão e deve ser enviado ao Congresso Nacional para  votação em breve. Se aprovado, o valor, equivalente a R$ 566 milhões,  deverá ser pago totalmente até 2021.
  O Brasil é peça-chave para tornar viável o projeto mais ambicioso da  instituição atualmente: o Telescópio Europeu Extremamente Grande (E-ELT,  na sigla em inglês), um instrumento óptico que contará com um espelho  primário de 39,3 metros e será, segundo o ESO, o maior equipamento para  detectar luz visível disponível no mundo.
  Quando pronto, o telescópio deverá permitir pesquisas sobre os  principais campos de investigação astrônomica atuais como a procura por  planetas fora do Sistema Solar, a análise de buracos negros e pesquisas  sobre a origem do Universo. O local escolhido para receber o instrumento  é Cerro Amazones, no Chile.
  Orçada em 1 bilhão de euros, a construção do equipamento estava  prevista para começar em 2011 e pode demorar ainda mais caso o Brasil  não garanta parte do investimento.
  “Para que a gente possa começar a construção do telescópio, nós precisamos da participação brasileira”, explica de Zeeuw.
  O país espera garantir transferência de tecnologia e participação da indústria nacional.
  O ESO já disponibiliza instrumentos e instalações no Chile para uso de  pesquisadores brasileiros desde 2011. A pasta de Ciência reconhece que  30% do tempo solicitado por cientistas nacionais foi cedido, valor pouco  abaixo dos 32% aceitos, em média, para os outras nações.
Mudança ministerial
  Tim de Zeeuw está ciente dos argumentos apresentados pelo Ministério da  Ciência e diz compreender a dificuldade para um contato nos últimos  dias, marcados pela mudança na pasta, com o ministro Aloizio Mercadante  sendo substituído por Marco Antonio Raupp, chefe da Agência Espacial  Brasileira (AEB).
  “É natural a demora por responder neste momento, espero entrar em  contato com Raupp em breve, que é uma pessoa com um passado ligado à  comunidade astronômica”, diz de Zeeuw.
  O diretor-geral também afirma não estar interessado em rediscutir as  bases do acordo firmado em 2010. “O contrato inicial é bom para todas as  partes, acho que ele faz sentido", afirma, sinalizando que as relações  com o Brasil seguem amistosas. "Caso isso seja resolvido, nós esperamos  por uma parceria que dure muitos anos."
 

 
 

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