terça-feira, 10 de julho de 2012

Megatelescópio na Antártica quer desvendar mistério dos neutrinos

Batizado de IceCube, equipamento está a 2,4 km abaixo do gelo antártico.
Neutrinos são partículas provenientes de explosões estelares.

Da Reuters

Cientistas estão usando o maior telescópio do mundo, enterrado no gelo do Polo Sul, para tentar desvendar os mistérios das minúsculas partículas chamadas neutrinos, que podem esclarecer como o universo se formou.

O aparelho, chamado IceCube (cubo de gelo em inglês), levou dez anos para ser construído, a 2.400 metros abaixo da superfície do gelo antártico. Ele mede um quilômetro cúbico e é maior que os edifícios Empire State (Nova York), Willis Tower (ex-Sears Tower, Chicago) e World Financial Center (Xangai) somados.

O telescópio serve para observar neutrinos, que são emitidos por explosões estelares e se deslocam quase à velocidade da luz. Ele passou a atrair mais atenções depois do anúncio, na semana passada, de uma partícula subatômica que parece ser o bóson de Higgs - o "tijolo" básico do universo.

"Você levanta o dedo e 100 bilhões de neutrinos passam por ele a cada segundo vindos do Sol", disse a física Jenni Adams, da Universidade de Canterbury (Nova Zelândia), que trabalha com o IceCube.

O laboratório do Icecub é iluminado pela luz da lua, na Antártica. (Foto: Divulgação//Emanuel Jacobi/NSF/Reuters)O laboratório do IceCube é iluminado pela luz da lua, na Antártica. (Foto: Divulgação//Emanuel Jacobi/NSF/Reuters)
 
O telescópio é basicamente uma série de detectores de luz enterrados no gelo. Quando os neutrinos, que estão em todo lugar, interagem com o gelo, eles produzem partículas carregadas que são então capazes de gerar luz, a qual pode ser detectada.

O gelo funciona como uma rede que isola os neutrinos, facilitando sua observação. Ele também protege o telescópio contra radiações potencialmente nocivas.

"Se uma supernova explodir na nossa galáxia agora, podemos detectar centenas de neutrinos com o IceCube", disse Adams a jornalistas na Conferência Internacional de Física de Alta Energia, em Melbourne. "Não seremos capazes de vê-los individualmente, mas o detector inteiro irá se acender como uma grande queima de fogos de artifício."

Os cientistas estão tentando monitorar as partículas para descobrir sua origem, na esperança de que isso dê pistas sobre o que acontece no espaço, especialmente em partes invisíveis do universo, conhecidas como matéria escura.

Antes da conclusão do IceCube, em 2010, os cientistas haviam observado apenas 14 neutrinos. Com o novo telescópio, que atua em conjunto com um aparelho no Mediterrâneo, centenas de neutrinos já foram detectados.

Até agora, todos eles foram criados pela atmosfera terrestre, mas os cientistas do IceCube esperam um dia detectar alguns vindos do espaço. "Os neutrinos... vão apontar para de onde vieram", afirmou Adams.

O módulo digital óptico do telescópio IceCub, instalado na Antártica para observar neutrinos, uma das partículas misteriosas e que ajudaram na formação do universo (Foto: Divulgação/NSF/Reuters) 
O módulo digital óptico do telescópio IceCube, instalado na Antártica para observar neutrinos, uma das partículas misteriosas e que ajudaram na formação do universo (Foto: Divulgação/NSF/Reuters)
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