quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Correntes de gás formam e 'nutrem' planetas gigantes, aponta estudo

Do G1, em São Paulo

Um supertelescópio por ondas de rádio que está sendo construído no Chile identificou correntes de gás capazes de formar e "alimentar" planetas. A descoberta está descrita em um artigo publicado na revista "Nature" desta quarta-feira (2).

As análises do Alma (sigla para Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) permitiram que astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO), do Observatório de Genebra, na Suíça, e de universidades e institutos do Chile, dos EUA, da França e Alemanha estudassem uma fase crucial no nascimento de planetas gigantes.
ESO Alma (Foto: Alma (ESO/NAOJ/NRAO)/M. Kornmesser (ESO)/Nick Risinger) 
Concepção artística mostra o disco de gás e poeira cósmica em volta da estrela jovem HD 142527, observada pelo supertelescópio Alma (Foto: Alma (ESO/NAOJ/NRAO)/M. Kornmesser (ESO)/Nick Risinger)
 
Esses corpos engolem o gás que flui dentro de um disco ao redor de uma estrela jovem e, assim, aumentam de tamanho. Segundo o líder da pesquisa, Simon Casassus, da Universidade do Chile, essa é a primeira vez que cientistas veem diretamente essas correntes de gás – apesar de já saberem da existência delas.

Durante o trabalho, a equipe analisou a estrela HD 142527, que fica a mais de 450 anos-luz de distância da Terra e é cercada por um disco de gás e poeira cósmica. Cada disco tem uma parte interna e outra externa. A primeira apresenta uma dimensão que, no nosso Sistema Solar, vai do Sol até Saturno. Já a área exterior começa 14 vezes mais longe e tem a forma de uma ferradura, provavelmente causada pela gravidade dos planetas na órbita da estrela.

De acordo com a teoria dos astrônomos, esses planetas gigantes crescem à medida que capturam o gás do disco exterior, em correntes que formam "pontes" entre as partes interna e externa. O grupo de pesquisadores também observou gás difuso entre os discos e duas correntes densas de gás que fluem do disco exterior, passam pelo espaço vazio e chegam até o disco interior.
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ESO Alma (Foto: Alma (ESO/NAOJ/NRAO), S. Casassus et al.) 
Disco de gás e poeira cósmica ao redor da estrela jovem. A poeira no disco externo aparece em vermelho, a parte verde é formada por gás denso e o azul é gás difuso (Foto: Alma (ESO/NAOJ/NRAO), S. Casassus et al.)
 
A estrela HD 142527 também se alimenta do material captado no disco interior, e os "restos" que os planetas deixam é justamente o necessário para que o astro se mantenha em crescimento.

Segundo Sebastián Perez, também da Universidade do Chile, planetas gigantes "escondidos" no interior do disco podem dar origem a essas correntes. Esses corpos são camuflados pelas correntes de gás – que são opacas –, razão pela qual ainda não puderam ser detectados de forma direta. Perez, porém, acredita que no futuro, ao estudar a quantidade de gás restante na região, talvez se possa estimar a massa desses planetas.

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