Um time internacional de cientistas mediu pela primeira vez a 
velocidade de rotação de um buraco negro supermassivo, no meio da 
galáxia NGC 1365, localizada na constelação da Fornalha, a 56 milhões de
 anos-luz da Terra. Os resultados do estudo aparecem nesta quarta-feira 
(27) na edição online da revista "Nature".
 A descoberta foi feita por dois telescópios de raios X: o NuSTAR, 
lançado no ano passado pela agência espacial americana (Nasa), e o 
XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA). Segundo os autores, a 
pesquisa pode ajudar a compreender como as galáxias e os buracos negros 
no centro delas evoluíram.
 Medições anteriores não haviam chegado a uma conclusão exata porque 
nuvens escuras ao redor dos buracos confundiram os astrônomos. As novas 
observações, porém, foram mais precisas e mostraram que as taxas de 
rotação desses locais podem ser determinadas de forma objetiva.
 
 
Imagem do buraco negro no centro da galáxia NGC 1365 é resultado dos registros de dois telescópios,que apresentaram a melhor visão do local feita até hoje. (Foto: Guido Risaliti/Centro Harvard-Smithsonian)
 A equipe analisou os raios X emitidos pelo gás quente contido em um 
disco do buraco negro situado fora do "horizonte de eventos", fronteira 
em volta dele para além da qual nada escapa, nem a luz. Tudo o que passa
 por ali acaba sendo sugado.
 O buraco negro estudado tem dois milhões de vezes a massa do nosso Sol e
 gira a uma taxa próxima ao máximo permitido pela Teoria da 
Relatividade, proposta no século 20 pelo físico alemão Albert Einstein. 
Segundo a teoria, a força da gravidade pode curvar a luz e o sistema 
espaço-tempo. Na atual pesquisa, os dois telescópios detectaram esses 
efeitos de distorção causados pelo buraco negro.
 Segundo Fiona Harrison, professora de física e astronomia do Instituto 
de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e principal investigadora do 
NuSTAR, é possível rastrear a matéria que gira em torno dos buracos 
negros a partir dos raios X emitidos de regiões muito próximas a eles. 
Isso porque a radiação vista é deformada pelos movimentos das partículas
 e pela enorme gravidade dos buracos.
 
 
Concepção
 artística ilustra buraco negro supermassivo com até bilhões de vezes a 
massa do nosso Sol. Essas regiões enormes e densas se concentram no 
coração das galáxias (Foto: Nasa/JPL-Caltech )
 O principal autor do trabalho, Guido Risaliti, do Centro de Astrofísica
 Harvard-Smithsonian, em Cambridge, e do Instituto Nacional de 
Astrofísica da Itália, explica que esses "monstros" – com massa de 
milhões ou bilhões de vezes a do Sol – são formados por pequenas 
"sementes" do início do Universo e crescem engolindo estrelas e gás de 
suas galáxias hospedeiras ou se fundindo com outros buracos negros 
gigantes quando duas galáxias colidem.
 De acordo com o astrofísico Bill Craig, que atua no Laboratório 
Nacional Lawrence Livermore, da Caltech, os buracos negros têm uma forte
 ligação com sua galáxia hospedeira, e medir a rotação deles – uma das 
poucas coisas mensuráveis nessas regiões – pode dar pistas para 
compreender essa relação fundamental.
 
 
 

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