sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Terra poderá sobre viver a morte do sol

Concepção artística de planeta ao redor da estrela V 391 Pegasi
(Foto: Helas/Mark Garlick)

Em 5 bilhões de anos, quando a principal fonte de energia do Sol acabar, ele vai inchar absurdamente, a ponto de engolir Mercúrio e Vênus. O destino da Terra ainda é incerto, mas um grupo internacional de cientistas acaba de apresentar evidências de que ela tem boa chance de escapar da destruição. Roberto Silvotti, do Observatório Astronômico de Capodimonte, na Itália, e seus colegas encontraram um planeta fora do Sistema Solar que está passando por uma situação semelhante à que a Terra será submetida no futuro -- e está agüentando firme.


Ele gira ao redor de uma estrela chamada V 391 Pegasi, localizada na constelação do Pégaso. O astro central é uma estrela gigante vermelha -- um dos últimos estágios na vida de um objeto como o nosso Sol. Uma estrela normal se tornar gigante vermelha quando o hidrogênio combustível rareia em seu núcleo. O resultado é que ela incha, sua atmosfera se expande e fica até 100 vezes maior do que seu tamanho inicial. O astro ganha a cor avermelhada e "aprende" a usar hélio como combustível, em vez de hidrogênio. Isso dá uma sobrevida à estrela, antes que ela esgote de vez suas possibilidades de seguir funcionando e se encolha alucinadamente, por força da gravidade. O resultado final é uma anã branca. Aparentemente, a V 391 Pegasi passou por um processo estranho, em que o astro perde rapidamente suas camadas exteriores durante a fase de gigante vermelha.

"Em certo sentido é um mistério: essa estrela é uma estrela subanã B, e todas essas estrelas, que são bem raras, experimentam uma perda de massa particularmente forte durante a fase de gigante vermelha", disse ao G1 Silvotti. "A razão para essa perda de massa muito forte não está clara, mas ela também não parece ter relação com a sobrevivência do planeta."


Esse mundo sobrevivente em nada se parece com a Terra. Em vez de um planeta rochoso, ele deve ser um astro gasoso, com 3,2 vezes a massa de Júpiter. Sua única similaridade com a Terra é a órbita -- quase um círculo perfeito, com um raio de cerca de 254 milhões de quilômetros (1,7 vez a distância Terra-Sol). Mas o mais importante mesmo é que, após tudo que aconteceu, ele ainda está lá. E os cientistas acreditam que, antes que a estrela se tornasse uma gigante vermelha, esse planeta estava ainda mais perto, a mais ou menos 150 milhões de quilômetros de V 391 Pegasi -- a mesma distância entre a Terra e sua estrela-mãe. Os resultados foram publicados nesta semana do periódico científico britânico "Nature", mas não são garantia de que a Terra vá mesmo sobreviver ao inchaço do Sol, alerta Jonathan Fortney, do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, que comentou o estudo na mesma edição da revista.

"Astronomia não é uma ciência experimental -- não podemos fazer um sistema solar para testar uma hipótese -- e por isso os astrônomos são obrigados a vasculhar os céus para encontrar um número estatisticamente significativo de amostras, em vários estágios de evolução, para construir interpretações físicas consistentes. No presente, a descoberta de Silvotti e seus colegas é o único sistema planetário que sabe-se ter sobreevivido à fase de gigante vermelha de sua estrela-mãe", disse o pesquisador americano.


Silvotti concorda. "Para sabermos algo sobre o destino da Terra, precisaremos de mais estatísticas -- ou seja, mais sistemas planetários similares a esse em torno de estrelas pós-gigantes vermelhas -- e melhores modelos. Essa descoberta certamente produzirá mais pesquisas nesse campo e, portanto, no futuro -- não tão longínquo, eu acho -- seremos capazes de predizer o que acontece com um planeta durante e depois da fase de gigante vermelha, incluindo a Terra."
Claro, para efeito da sobrevivência da vida, toda essa discussão é pouco importante. Muito antes que o Sol se torne uma gigante vermelha, em coisa de 1 bilhão de anos, o aumento gradativo de atividade solar fará com que os oceanos terrestres evaporem, extinguindo todas as formas biológicas em nosso planeta.


Fonte: O Globo on line



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